Iniciando carreira como treinador, Belletti fala ao L! sobre desafios e elogia estrangeiros no Brasil

Prestes a tirar a licença Pró da CBF, Belletti falou com o LANCE! sobre o começo na nova carreira e elogiou o trabalho de Jorge Jesus e Sampaoli. Para ele, brasileiros têm que inovar

10 nov 2019 - 07h04

Campeão nacional no Brasil, Espanha e Inglaterra. Campeão da Liga dos Campeões, fazendo gol na final, e campeão do mundo com a Seleção Brasileira. Por mais discreto que tenha sido durante a carreira como jogador, o currículo de Juliano Belletti impressiona. Agora, o ex-jogador de 43 anos, aposentado desde 2011, tem novos desafios: Iniciar a carreira como técnico de futebol.

O ex-lateral-esquerdo possui da Licença A, o que já lhe garante o direito de comandar equipes da Séria A do Campeonato Brasileiro. Mas Belleti segue se especializando e está terminando de tirar a Licença Pró, na Granja Comary. Além disso, investe em cursos de outras áreas para se aprimorar ainda mais. Ele conversou com o LANCE! sobre esta nova fase da sua vida e revelou já ter conversado com alguns clubes para futurar oportunidade.

- Estar sempre preparado para as oportunidades é o que eu tento fazer todos os dias, desde quando era atleta. Faço diversos cursos em áreas bem diferentes, como por exemplo finanças, psicanálise, administração, mercado digital e de treinador de futebol. A parte de "entregar currículo" vem de estar sempre conversando com as pessoas do futebol. "Networking" ainda é ferramenta bastante poderosa. Já conversei com alguns clubes e sigo conversando - disse Belletti ao L!.

Tema recorrente no futebol brasileiro nesta temporada, a entrada de técnicos estrangeiros no país foi elogiada por Belletti. Para ele, os treinadores não podem ficar parados e devem seguir estudando para melhorarem seus desempenhos. O novo treinador aproveitou para elogiar os trabalhos de Jorge Jesus, no Flamengo, e Jorge Sampaoli, no Santos.

- Eles (Jesus e Sampaoli) estão fazendo um bom trabalho sim. Foi ótimo que vieram ao Brasil. Compartilhar conhecimento e experiências. E isso aumenta a competitividade entre os treinadores. Vejo isso muito no mercado de empreendedorismo. Não se pode reclamar e sim inovar, criar, estudar mais, trabalhar mais. O futebol ganha com isso.

Mesmo depois de encerrar a carreira como jogador, Belletti nunca deixou o futebol. Ele teve uma experiência como comentarista, dirigente internacional do Coritiba e embaixador do Barcelona pelo mundo. Por isso, nunca deixou de acompanhar o esporte os trabalhos de outros treinadores. Entre os estrangeiros, ele elogiou, por qualidades diferentes, Guardiola, Ancelotti e Klopp. No Brasil, citou Renato Gaúcho, do Grêmio, como um dos trabalhos que admira.

- Admiro muitos trabalhos e muitos treinadores. Guardiola, a maneira de ele dirigir o time, as dinâmicas nos treinos, a intensidade... Gosto também de como Carlo Ancelotti trabalha a gestão do grupo. Sempre no controle. Kloop, Renato Gaúcho... E dentro de campo é adaptar ideias a matéria prima que se tem. Ter foco, atenção aos detalhes, ao profissional, ao ser humano jogador. ate porque tao importante quanto vencer é como vencer.

Confira o bate-bola do LANCE! com Belletti:

LANCE!: Você trabalhou com técnicos de diferentes estilos durante a sua carreira (Felipão, Rijkaard, Ancelotti, Muricy...). O que acredita ter absorvido dos principais nomes com que trabalhou?

Belleti está fazendo o curso da CBF para tirar a Licença Pró (Foto: Reprodução Twitter)
Belleti está fazendo o curso da CBF para tirar a Licença Pró (Foto: Reprodução Twitter)
Foto: Lance!

Belletti: Um pouco de tudo de cada um deles. São muitos nomes vencedores. Ser treinador é ser líder, gestionar grupo, orquestrar da melhor maneira possível os recursos que se tem, e o principal: adaptar-se ao ambiente. Cada time, cada jogador, cada cidade é diferente. empatia e disciplina. Aprendi bastante disso.

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L!: Quais técnicos você acha que foram mais importante para o seu desenvolvimento como jogador?

B: Trabalhei com os melhores da minha geração, no Brasil e na Europa. Parreira, Luxemburgo, Mourinho, Felipão, Ancelotti... Como jogador destaco Enio Andrade, da época em que eu era um jovem volante, começando a carreira... Levir Culpi, que era o técnico do São Paulo, em 2000, quando me tornei lateral. E Guus Hiddink que me utilizou no Chelsea em mais de uma posição no campo.

L!: Qual sua opinião sobre a exigência de cursos para poder trabalhar como técnico? O que achou dos cursos que fez? Como acha que ajudaram na sua formação?

B: Quanto mais conhecimento você adquire, melhores recursos você terá para tomar melhores decisões. Acho interessante o curso para que no futebol não qualquer um possa ser treinador e sim alguém que tenha certo conhecimento do assunto. Já tenho a licença A e estou finalizando a licença Pró de treinador da CBF Academy. Gosto do que vejo no curso. A diversidade dos assuntos, o aprofundamento das áreas do dia-a-dia esportivo e o melhor ainda são os bate-papos, as discussões entre os treinadores. muita experiência reunida. É impagável. E tudo isso ajuda.

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L!: Como você pretende trabalhar? Já tem alguma ideia de jogo que pretende implantar nos times que vai trabalhar?

B: Profissionalismo e disciplina. isso é a minha base. Logo, dedicação total a melhorar a performance individual dos jogadores para que coletivamente eles possam ajudar e contribuir com o time. Trabalhei com muitos treinadores vencedores. e de todos eles trago a fome de fazer o melhor, de jogar bem e de vencer.

L!: Como vê essa nova leva de jovens técnicos que tem se destacado no Brasil (Roger Machado, Tiago Nunes, Rogério Ceni...)? Acha que eles vão tomar o espaço dos "medalhões"?

B: Não tomar espaço. competir. Tem espaço para todos. Não se pode dirigir um time dependendo somente da ciência. Não se pode dirigir um time dependendo somente da intuição. Não de pode só dirigir um time dependendo somente da experiencia. É um pouco de tudo, com qualidade. e, claro, muito trabalho. E uma coisa é fato: Não só o futebol mudou, o mundo mudou. Existe sim redes sociais, fones de ouvido, influências online, mais dinheiro no esporte, mais fama, mais exposição... E o treinador jovem ou medalhão tem que se adaptar a isso.

L!: Como vê o trabalho de Tite pelo Seleção Brasileira?

B: Tem oscilações naturais. Criamos uma expectativa, achamos que viriam alguns resultados mais rápidos, mas é absolutamente natural esse processo. O Tite é muito bom, assim como Mano Menezes e Renato Gaúcho. Sempre com muita pressão. É a seleção cinco vezes campeã do mundo.

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L!: Concorda com a eleição de Klopp como melhor treinador do mundo? Se não, em quem você votaria?

B: Resultado ajuda muito. Ser campeão não e fácil. No futebol mais se perde do que se ganha. Treinador deve saber lidar com crise mas também saber lidar com o sucesso do time, dos jogadores. Comodismo é um grande problema no futebol. E Kloop fez tudo isso muito bem na última temporada.

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