Transmissão dos Jogos de Inverno gera polêmica nos EUA

21 fev 2010 - 07h36
(atualizado às 07h39)

Em toda Olimpíada surge a reclamação bienal e previsível: por que a NBC não passa os eventos ao vivo nos Estados Unidos?

Telespectadores muitas vezes se surpreendem, até mesmo se irritam, com a atitude da NBC, como se sofrendo de amnésia para o fato de que, entre as Olimpíadas, a emissora sempre alternou eventos ao vivo e gravados em sua cobertura. Ou que a CBS fazia o mesmo durante as três Olimpíadas de Inverno que transmitiu nos anos 1990, ou que a ABC tinha a mesma atitude nas Olimpíadas que transmitiu nos anos 1960 e 1980.

Na minha caixa de e-mail encontro isto: "ela se nega a mostrar os eventos em sua integridade" - e destacando a seguir - "uma quantidade de censura digna do governo chinês". Um segundo correspondente condena a gravação das competições masculinas de esqui alpino. "O que aconteceu", pergunta ele, "com a cobertura esportiva ao vivo?".

Mas não estamos falando de beisebol ou futebol americano. As Olimpíadas, para as emissoras americanas, são um amálgama esportivo acondicionado na programação de todas as noites. Até quando passam no horário nobre, os canais raramente transmitem os eventos continuamente do início ao fim. Os eventos ideais para a NBC são aqueles com elementos curtos: corridas de esqui, exercício no solo, patinação artística. O canal mostra três apresentações e vai para o intervalo. Corta para o comentarista esportivo. Vai para o intervalo. E mostra os esquiadores de mogul.

Tenho criticado a transmissão de gravações das Olimpíadas desde 1992, principalmente quando elas são mostradas como se fossem ao vivo.

Ridicularizei o eufemismo "plausivelmente ao vivo" que um ex-produtor executivo da NBC Sports cunhou para as transmissões gravadas. Implorei para que a NBC mostrasse com maior frequência avisos dizendo aos telespectadores que um evento é ao vivo ou não.

Mas, deixando de lado as reclamações bienais, a mistura da NBC de coberturas ao vivo e gravadas funciona.

"A medida tira do sério telespectadores que amam certos esportes e não compreendem por que a NBC não dedica horas para cada descida de esqui. Ela irrita os telespectadores americanos nos fusos horários do pacífico e das montanhas, que sempre recebem uma cobertura gravada do que foi transmitido ao vivo nos horários da região leste e central do país.

Mas a prática funciona porque a massa dos telespectadores se reúne na frente da TV no horário nobre. Essa foi a escolha da NBC: maximizar telespectadores e receita publicitária no mesmo horário durante 17 dias.

Considerem esses eventos olímpicos gravados: o time de hóquei Miracle on Ice, em Lake Placid (1980); a apresentação de Nancy & Tonya, em Lillehammer (1994); o salto lesionado da ginasta medalhista de ouro Kerri Strug, em Atlanta (1996); e a apresentação no halfpipe da medalhista de ouro Kelly Clark, nos Jogos de Salt Lake (2002).

O atual modelo de produção olímpico foi criado na década de 1960 no ABC Sports, como uma extensão de seu programa de compilações Wide World of Sports. Durante 90 minutos nas tardes de sábado, a série tinha uma estética "um pouco de tudo" sobre esportes convencionais e esquisitos. As Olimpíadas de Verão e de Inverno são essencialmente uma série de compilações, composta de esportes que, em sua maioria, chamam pouca atenção fora das Olimpíadas.

Nos primórdios de Wide World, os eventos que a ABC transmitia ao vivo eram limitados pela disponibilidade de tempo em satélite, o que obrigava o uso de filme ou fita. Em tempos ainda mais antigos, a CBS precisou esperar que aviões entregassem os rolos de filme com os eventos dos Jogos de Roma de 1960 até um estúdio num terminal em Nova York.

"Crescemos compilando coisas", disse Dennis Lewin, ex-produtor de coordenação do Wide World, que trabalhou em oito Olimpíadas. "Tentamos colocar 5 kg em uma mala para 2 kg, e todo mundo quer assistir ao vivo. Quando aumentamos a capacidade de transmissão ao vivo, entendemos que o telespectador queria que os melhores eventos fossem transmitidos quando a audiência fosse maior".

O que quer dizer horário nobre, dos Jogos de Grenoble, em 1928, às Olimpíadas de Inverno de Vancouver, em 2010.

Lewin disse que escuta há décadas telespectadores reclamam da transmissão de gravações. Ele reconhece que ao vivo é o ideal, mas impraticável se o objetivo for atrair mais audiência. !Se você colocar as Olimpíadas ao vivo no horário nobre do leste americano, no oeste isso vai ser das 17h às 20h", disse ele. "Isso é justo? Não é realista".

Com Dick Ebersol, escolado pela ABC, a NBC expandiu sua programação olímpica e gastou muito mais do que com seus predecessores, incluindo os US$ 820 milhões pagos pelos direitos de transmissão de Vancouver. A NBC transmite mais jogos no horário nobre do que a ABC transmitia. A programação olímpica passa durante o dia e em outras emissoras da NBC Universal. Ela também disponibiliza dois esportes ao vivo (hóquei e curling neste ano) no site NBCOlympics.com.

Por mais que use a nova mídia, o sucesso olímpico da NBC ainda depende do aproveitamento do tempo na televisão aberta. Esse meio fragmentado e desgastado mantém sua velha potência com as Olimpíadas (uma média de 26,6 milhões de telespectadores assistem aos Jogos de Vancouver no horário nobre da NBC) e com o Super Bowl (neste mês, o evento atraiu 106,5 milhões de telespectadores).

As críticas sobre a NBC guardar os eventos para transmissões gravadas no horário nobre crescem com os caminhos online que permitem que as pessoas expressem sua raiva e que possibilitariam que a NBC transmitisse tudo ao vivo, como ocorre na televisão canadense.

Sem dúvida, alguns fãs se deleitam ao descobrir (ou twittar) websites piratas que transmitem os eventos ao vivo. Mas o efeito dessas descobertas sobre a NBC têm sido, no máximo, menores.

Jogos Olímpicos de Inverno no Terra

O Terra transmite ao vivo a competição em 15 canais simultâneos de vídeo. Além disso, os usuários têm a possibilidade de assistir novamente a todo o conteúdo a qualquer momento. Todo o acesso é gratuito.

Uma equipe de 60 profissionais está encarregada de fazer a cobertura direto de Vancouver e dos estúdios do Terra, em São Paulo, no Brasil, com as últimas notícias, fotos, curiosidades, resultados e bastidores da competição.

A equipe conta com a participação do repórter especialista em esportes radicais Formiga - com 20 anos de experiência em modalidades de neve -, e o pentacampeão mundial de skate Sandro Dias, que comenta a competição em seu blog no Terra.

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Tradução: Amy Traduções

Richard Sandomir
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