Arthur Zanetti revela dificuldades como treinador: 'Às vezes, chegam não sabendo correr'

Recém-aposentado da vida de atleta, campeão olímpico também falou com o Terra sobre as expectativas para o próximo Mundial de Ginástica

5 out 2025 - 04h59
Resumo
Arthur Zanetti, agora treinador, destacou as dificuldades de ensinar fundamentos básicos às crianças na ginástica e comentou sobre suas expectativas para o próximo Mundial, ressaltando a importância de testes em ano pós-olímpico.
Arthur Zanetti em conversa com o Terra
Arthur Zanetti em conversa com o Terra
Foto: Raul Godoy/Terra

Aos 35 anos, Arthur Zanetti vive os primeiros momentos de uma nova etapa em sua vida. O medalhista de ouro em Londres-2012 e prata na Rio-2016 nas argolas se retirou dos aparelhos em janeiro deste ano e, agora, acumula funções em uma agitada rotina pós-aposentadoria.

Embora acumule funções como árbitro, comentarista, palestrante e embaixador do Comitê Olímpico Internacional e do Programa de Transição de Carreira do Ministério dos Esportes, a principal tarefa tem sido treinar as equipes das categorias de base do São Caetano do Sul, cidade da Região Metropolitana de São Paulo em que nasceu. 

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Justamente no papel de professor, Zanetti tem notado uma diferença da atual geração de crianças para as anteriores. Para ele, a questão é motivada, principalmente, pela falta de brincadeiras mais interativas.

“A gente já vinha para o ginásio com essas habilidades básicas: andar, correr, pular e saltar. Chegava na ginástica e só corrigia, aprofundava um pouquinho mais. Hoje, as crianças têm pouco acesso a essas brincadeiras, um pega-pega, esconde-esconde, qualquer outra coisa que poderia brincar na rua ou em algum condomínio. Eles chegam, às vezes, na ginástica bem crus mesmo, não sabendo correr, a parte de coordenação é bem limitada”, conta em conversa com o Terra durante a COB Expo.

Apesar de estranhar a diferença, Zanetti sabe que ensinar esses fundamentos faz parte de seu papel como profissional de educação física. Na vida de treinador, por sinal, o campeão olímpico tem um aluno especial: o filho Liam. 

O garotinho de 5 anos treina desde cedo nas argolas e virou xodó nas redes sociais do pai, que compartilha momentos do filho. Orgulhoso com o desempenho de Liam, o ex-ginasta admite que, às vezes, passa do ponto nas cobranças ao herdeiro. 

“Acho que eu sou até um pouco mais carrasco com ele. De vez em quando, estou cobrando algumas coisinhas, paro e penso que ele tem 5 anos de idade, não tenho que cobrar nada dele, não tenho que cobrar uma postura, tenho que deixar ele ir para o ginásio mesmo e brincar, subir, sentir os diferentes níveis do colchão. Criança nessa idade não tem que ser cobrada de nada, é só mesmo brincadeira. Lógico, não é bagunça, de vez em quando ele faz umas bagunças ali e tudo, e a gente puxa ele. Tem que ensinar a disciplina, que é ensinada desde criança”, detalha sobre as aulas ao filho.

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Arthur Zanetti competindo nas argolas em Doha
Foto: Francois Nel/Getty Images

Na nova vida de treinador, não faltam histórias para Zanetti contar aos alunos. Além dos dois pódios olímpicos, o ex-atleta tem quatro medalhas em mundiais, sendo três pratas (Tóquio-2011, Nanning-2014 e Doha-2018) e um ouro (Antuérpia-2013).

O torneio em que o multimedalhista fez história agora o terá apenas como espectador e, claro, palpiteiro. Ao projetar o Mundial que será realizado na Indonésia a partir de 19 de outubro, o ex-ginasta mantém os pés no chão e reforça a importância dos testes na competição em ano pós-olímpico.

“É um Mundial que não se deve cobrar muito dos atletas. Eu acredito que tem que participar, para algumas vezes testar alguma série, porque teve uma mudança no código de pontuação. Então testar algumas séries, o nível técnico, porque é um Mundial após a Olimpíada", explica ele, que dá mais detalhes sobre sua posição em relação à competição. 

O ano pós-olímpico é muito complicado, os atletas se desgastam muito no ano, então, às vezes, tem algumas lesões. É um ano também que não tem classificação para a Olimpíada. Não adianta nada você se desgastar muito esse ano e nos próximos anos acabar tendo alguma lesão. O erro tem que acontecer agora. O acerto tem que ser na Olimpíada”, completa.

Fonte: Portal Terra
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