Em 1955, decisão de Chile e Argentina teve mortes e quase foi adiada

3 jul 2015 - 13h32

Não é a primeira vez que Chile e Argentina decidem a Copa América. Em 30 de março de 1955, as duas equipes entravam em campo para disputar o título em uma partida que ficou para a história pela confusão fora das quatro linhas. A aglomeração de pessoas, que forçaram a entrada no estádio Nacional, resultou em uma confusão generalizada e culminou com a morte de sete pessoas, além de outras 50 feridas, segundo o relato de A Gazeta Esportiva da época.

A partida valia o título da 23ª edição do torneio sul-americano, com o regulamento um pouco diferente, e teve a vitória da Argentina por 1 a 0. Na ocasião, o Chile também era a sede da competição e o embate decisivo aconteceu no mesmo palco da próxima final, no sábado. A seleção chilena nunca havia conquistado a taça continental. Por sua vez, a Argentina já tinha levantado, antes de 1955, o troféu nove vezes.

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O jogo estava marcado para começar às 20 horas (horário local), porém, desde o início da tarde, o estádio já estava abarrotado de torcedores chilenos, muitos deles sem ingresso.

A partida por pouco não ocorreu. Os organizadores do torneio começaram a retirar do estádio aqueles que estavam sem ingresso. Ainda assim, o estádio comportou mais torcedores do que a sua capacidade total - de 55.100 pessoas - permitia.

O sistema do torneio em 1955 era diferente do modelo atual. Na época, todas as seis seleções que disputavam a competição jogavam entre si. Deu-se que, na última rodada, Chile e Argentina se enfrentaram com o mesmo número de pontos. Ou seja, quem ganhasse a partida, que passou a ser tratada por todos como "final", seria o vencedor do torneio.

A seleção chilena tinha ainda duas vantagens: além de contar com Enrique Hormazábal, eleito melhor jogador da competição, a equipe poderia ser campeã empatando o jogo, pois levava vantagem no saldo de gols, que era o primeiro critério de desempate.

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Todos os fatores faziam com que os torcedores locais tivessem muita confiança em um triunfo chileno. A partida foi bastante parelha, até que, aos 14 minutos do segundo tempo, o atacante Rodolfo Micheli, artilheiro da competição em 1955, marcou o gol da vitória da seleção Argentina, que conquistou seu décimo título.

A seleção chilena, que nunca conquistou nenhum título da Copa América, e a Argentina, 14 vezes campeã da competição, mas que não ganha o campeonato sul-americano desde 1993, se reencontram no mesmo palco da história partida disputada há 60 anos.

Dessa vez, o craque da competição, Lionel Messi, veste a camisa albiceleste, todavia, torcedores, imprensa e os próprios jogadores chilenos apontam essa seleção como sendo a melhor geração de todos os tempos do país. Certamente, uma grande partida espera os 55.100 privilegiados que, com ingresso, assistirão de perto o próximo capítulo dessa história sendo escrito. E não há vantagem em campo. Se houver empate, a decisão será na prorrogação e nos pênaltis.

Gazeta Esportiva
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