O torcedor de Fortaleza já sabe: para chegar ao Estádio Castelão na Copa das Confederações de 2013, recomendam-se roupas leves, protetor solar, grande hidratação, preparo físico e paciência. Bastante paciência.
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Sob um forte sol no início da tarde desta quinta-feira, a reportagem do Terra percorreu a pé os cerca de 2 km da Avenida Deputado Paulino Rocha desde a barreira policial que impede a passagem de carros nas imediações do Castelão - na altura do raio de restrição imposto pela Fifa - até a chegada ao estádio. No caminho, encontrou duas bandas de forrós e muitos vendedores ambulantes que disputam a clientela com aqueles credenciados para trabalhar na competição.
A concorrência é desleal, segundo os vendedores credenciados. Em contato com a reportagem, uma delas informou que os preços com os quais trabalham são determinados pelos patrocinadores da Fifa: recebe-se água por R$ 1,10 e vende-se por R$ 2,00; refrigerante por R$ 1,60 e vende-se por R$ 2,50; cerveja por R$ 2,00 e vende-se por R$ 3,00. De acordo com os credenciados, só é possível obter o repasse dos patrocinadores por um preço mais barato caso eles mesmos adquiram o produto - o que acarreta um risco.
Enquanto isso, ambulantes ofereciam água por R$ 1,00 e cerveja por R$ 2,00. Na tentativa de incentivar a compra, alguns vendedores ressaltavam aos fãs que o caminho até o estádio ainda era longo: "falta 1,4 km", gritava um deles.
Segundo policiais militares que estavam nas redondezas do Castelão, o trabalho dos ambulantes é legal desde que eles permaneçam do lado de fora da grade que delimita o espaço da Avenida Paulino Rocha. Muitos deles ofereciam pratos como feijoada e galinha caipira - os vendedores credenciados não podem vender alimentos.
Aproveitando-se da partida entre Espanha e Itália que começa às 16h desta quinta no Castelão, pela semifinal da Copa das Confederações, um dos ambulantes instalou pequenos cartazes trilíngues nas grades que cercam o caminho dos torcedores. Avisos em português, italiano e espanhol indicavam a venda de água, cerveja e carne. Bares da região também estão abertos nesta quinta. Há cartazes fixados que ofertam o uso do baneiro - mediante pagamento.
O longo trajeto até o Castelão lembra o de uma "peregrinação". Torcedores sofriam no calor e compravam produtos com os quais é proibido entrar no estádio. Alguns se divertiam, parando para escutar as duas bandas de forró que tocavam nas imediações do estádio. Conforme um dos grupos informou à reportagem, para a apresentação exige-se um credenciamento junto à prefeitura de Fortaleza, que faz o pagamento pelo serviço das bandas.
O clima era de tranquilidade, diferentemente do que ocorria no outro lado do Castelão, na Avenida Dedé Brasil, onde cerca de 5 mil manifestantes seguiam a onda de protestos civis que vêm ocorrendo no País.
Houve confronto com a Tropa de Choque de Polícia Militar, que fazia uma barreira nas imediações do estádio e avançou, dispersando a multidão com gás lacrimogêneo, balas de borracha e bombas de efeito moral.