O torcedor que foi ao estádio para ver Brasil x Inglaterra é o torcedor ideal para qualquer tipo de teste, ainda mais quando se trata de um para a Copa do Mundo. O torcedor da Seleção não é o torcedor comum, aquele que vai ao estádio no esquema domingo-quarta-domingo. É uma torcida que chega de vários lugares do País, muitas vezes em família, para ter a experiência de ver um jogo da Seleção. Só.
Portanto, é uma torcida mais tolerante, que passa por controles de raio-x, filas e desinformação com mais bom humor e paciência. É uma torcida que conhece menos o local, que se perde mais no caminho para a cadeira marcada (outra novidade que ainda vai precisar de muito mais testes para ser aprovada e para que passe a fazer parte do hábito de quem vai ao estádio) e uma torcida que é mais propensa a cair nas garras dos cambistas com preços inflacionados e ingressos quase sempre falsos.
O torcedor da Seleção é aquele que deixa o Hino Nacional do time adversário ser tocado sem que nenhum ruído seja ouvido. E isso contraria o ditado popular que diz que Maracanã vaia até minuto de silêncio em homenagem a qualquer personalidade, por mais famosa que seja. Exceção feita, diga-se de passagem, a Ayrton Senna, em 1994.
A torcida da Seleção é mais silenciosa do que estamos acostumados a ver no dia a dia. Não tem paródias de músicas populares ensaiadas para animar o time. Não tem Roberto Carlos com "Não para, não para, não para, Timão!", nem Alceu Valença e a Anunciação com "Eu vou cantar essa paixão que vem de dentro", feita pela torcida do Fluminense.
O máximo que se ouviu foi o desanimado hit do vôlei: "eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". É pouco para animar uma Seleção que ainda está desentrosada e longe da melhor formação.
Mas, apesar de ser um torcedor diferente, é um torcedor que conhece futebol, sem dúvidas. Um torcedor que sabe que Lucas não pode ficar de fora desse time. Que chama o técnico de burro quando coloca o pedido Lucas no lugar de quem eles não queriam que saísse: Oscar.
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Um torcedor que se irrita quando Neymar pensa que só ele pode chutar para o gol e um torcedor que reconhece que Fred é bom e aplaude o nome do jogador na escalação transmitida pelos quatro novos telões. Tudo bem distante do antigo e roufenho sistema de som com o locutor que dizia: "Suderj informa". Mas por outro lado é um torcedor menos paciente com as falhas do time e que vaia antes de ajudar.
O torcedor da Seleção foi ao amistoso, provou do novo Maracanã e, mesmo com problemas que existem em qualquer lugar, gostou do que viu. Mas é preciso um alerta: é um torcedor com data de validade. Quando o inverno passar e a Copa das Confederações for embora (e em 2014, a Copa do Mundo) e o verdadeiro torcedor de clube voltar, é que vamos ver se o novo Maracanã passou mesmo no teste.
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Torcida brasileira não perdeu a oportunidade de matar a saudade do Maracanã e encheu as arquibancadas para a primeira partida oficial no tradicional estádio carioca. Os fãs fizeram uma festa em verde e amarelo e até vaiaram a Seleção em alguns momentos, mas aplaudiram o empate por 2 a 2 com a Inglaterra, neste domingo. Veja fotos: