Documento confirma relação de Havelange e Teixeira com caso de corrupção
11 jul2012 - 13h48
(atualizado às 16h01)
A Fifa divulgou em seu site que os dois dirigentes envolvidos em um caso de corrupção no fim dos anos 90 são o ex-presidente da entidade João Havelange e o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. O documento, liberado nesta quarta-feira pela Suprema Corte da Suíça, aponta pagamentos da agência de marketing ISL a ambos em troca de facilidades na aquisição dos direitos de televisão das competições.
O pedido de divulgação foi realizado pela emissora britânica BBC e por quatro diários suíços, mas a Fifa antecipou-se e publicou o documento.
O texto afirma que Ricardo Teixeira recebeu pelo menos R$ 26 milhões em propina. Havelange foi pago em 1,5 milhão de francos suíços, equivalente a R$ 3 milhões. Ainda há uma quantia de R$ 45 milhões cedida a uma empresa que tinha ambos como beneficiários.
A entidade máxima do futebol já havia divulgado uma nota oficial expressando satisfação pela decisão de divulgar os documentos da investigação liderada pelo tribunal de Zug e concluída em maio de 2010. À época, houve um acordo para que os nomes fossem mantidos em sigilo.
A Fifa ajudou a fazer essa negociação e chegou a ajudar a apelação a favor dos dirigentes, mas desde a reeleição de Joseph Blatter, em junho do ano passado, vem adotando, pelo menos no discurso, uma postura combativa em relação à corrupção.
Ano passado, João Havelange renunciou ao cargo no Comitê Olímpico Internacional justamente para fugir de sanções que seriam impostas por causa da relação com a ISL. Ricardo Teixeira deixou a presidência da CBF alegando problemas de saúde e familiares e abriu espaço para José Maria Marin.
Entenda o caso
Em 11 de julho de 2012, a Fifa divulgou texto comprovando envolvimento de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e João Havelange, atual presidente de honra da própria Fifa, em caso de corrupção. O documento, liberado pela Suprema Corte da Suíça, aponta pagamentos da agência de marketing ISL a ambos em troca de facilidades na aquisição dos direitos de televisão das competições.
Segundo o texto, Teixeira teria recebido pelo menos R$ 26 milhões em propina. Havelange teria sido pago em 1,5 milhão de francos suíços, equivalente a R$ 3 milhões. Cerca de R$ 45 milhões cedidos pela empresa teriam como beneficiário os dois dirigentes.
Eleito presidente da CBF em 1989, Ricardo Teixeira, 65 anos, chegou ao poder do futebol brasileiro tutelado por Havelange, na época presidente da Fifa e genro de Teixeira.
Desde então, Teixeira passou a homem mais poderoso do futebol brasileiro e ficou por 23 anos no poder. Em 2012, o dirigente deixou o comando da CBF, alegando problemas de saúde e familiares e abriu espaço para José Maria Marin ocupar o cargo. Atualmente, o ex-dirigente vive na Flórida, nos Estados Unidos.
No ano passado, João Havelange, 96 anos, renunciou ao cargo no Comitê Olímpico Internacional justamente para fugir de sanções que seriam impostas por causa da relação com a ISL.
Completa nesta quinta-feira, 5 de julho, 30 anos da derrota do Brasil para a Itália na Copa do Mundo da Espanha em 1982, batizada desde então como o Desastre de Sarriá, em referência ao nome do Estádio do Espanhol (Barcelona), demolido em 1997, onde a partida aconteceu. Neste especial, o Terra relembra personagens e histórias que marcaram a maior derrota brasileira desde a Copa de 1950. Confira:
Foto: AFP/Getty Images/Getty Images
2 de 12
Galinho no auge Ao chegar ao Mundial da Espanha em 1982, o segundo de sua carreira, Zico vivia o auge de sua carreira. O meia - que vinha das conquistas da Libertadores e do Mundial de Clubes (1981) e de dois Brasileiros (1980 e 1982) pelo Flamengo -, apesar da derrota no Sarriá fez um torneio inspiradíssimo, guiando o toque de bola encantador da equipe, e sendo artilheiro do Brasil, com quatro gols
Foto: AFP
3 de 12
Doutor, capitão e maestroO ano de 1982 marca o auge técnico e carismático na carreira de Sócrates, corintiano grandalhão (1,90 m) que comandava ao lado de Zico o meio de campo do Brasil. Ao final daquele ano, Sócrates contaria com o título do Campeonato Paulista sobre o São Paulo e com excelente atuação no Mundial da Espanha. O meia marcou gols nas partidas mais difíceis para o Brasil, na vitória por 2 a 1 sobre a URSS, na estreia, e na derrota fatídica contra a Itália
Foto: Gertty Images
4 de 12
Preparação impecávelA Seleção vinha de preparação impecável e fizera campanha perfeita nas eliminatórias, com quatro vitórias em quatro jogos, contra Venezuela e Bolívia. Além dos triunfos nas eliminatórias, Brasil vinha de várias vitórias contra seleções de expressão, como a Alemanha
Foto: Gertty Images
5 de 12
Paciência esgotadaA derrota em 1982 causou de uma maneira geral mais comoção que irritação, mas para João Saldanha, jornalista e técnico da Seleção na preparação para a Copa de 1970, o derrota foi implacável com a derrota. "Perdemos, paciência. Campeão moral? Pra mim não me serve. Campeões da burrice. É, campeões da burrice tática. Esse título me parece mais apropriado. Era o que eu tinha a dizer", disse Saldanha em sua coluna no Jornal do Brasil, na époc
Foto: Gertty Images
6 de 12
Rebelde domadoA participação de Serginho no time brasileiro no Mundial de 1982 é das mais controvertidas. O centroavante, destaque da estrelada equipe do São Paulo, conhecida como A Máquina no começo dos anos 80, conta que sua participação na Copa foi prejudicada por ter, segundo ele próprio, sido domesticado demais para enquadrar-se na rígida disciplina do técnico Telê Santana
Foto: Gertty Images
7 de 12
Voa CanarinhoO lateral Júnior foi um dos grandes nomes da equipe brasileira em 1982, com destaque para a partida contra a Argentina, em que marcou o terceiro gol na vitória por 3 a 1. Mas o ídolo flamenguista também é lembrado por ter gravado antes do Mundial a canção que viraria tema do Brasil na Copa: Voa Canarinho
Foto: Gertty Images
8 de 12
Maradona dá chiliqueDuelo mais memorável do Brasil naquela Copa, a partida contra a Argentina foi marcada pelo futebol exuberante da Seleção, mas a vitória sobre os rivais sul-americanos teve outro destaque. Diego Maradona, frustrado e impotente diante da superioridade brasileira, perdeu a cabeça, agrediu o meio campo Batista e foi expulso de campo
Foto: AFP
9 de 12
Vitória dá forçaA Itália chegara ao Grupo C da segunda fase com três empates em três jogos (contra Polônia, Camarões e Peru), em campanha pífia até aquele momento e que provocara uma greve de silêncio dos atletas com a imprensa do país. A partir da vitória por 2 a 1 sobre a Argentina, porém, o time engrenou, desbancou o Brasil e acabou batendo a Alemanha na decisão
Foto: Getty Images
10 de 12
Igualando o BrasilA vitória contra o Brasil significou também a equiparação das duas seleções em número de títulos mundiais. A Itália, que perdera a chance contra o Brasil em 1970, conseguiu, finalmente, o tri em 1982, se igualando aos brasileiros como maiores da história das Copas
Foto: Getty Images
11 de 12
Consagração após escândaloO título mundial foi a redenção não apenas do futebol italiano, mas significou também uma recuperação de prestígio profissional e pessoal para os atletas daquele país, em especial o atacante Paolo Rossi, artilheiro da Copa com seis gols e autor de três contra o Brasil. Rossi passara mais de um ano suspenso do futebol por envolvimento com a máfia das apostas
Foto: Getty Images
12 de 12
Título muda o futebolA vitória da Itália sobre o Brasil é traumática não apenas para o torcedor do Brasil, mas também para o próprio futebol. Os 3 a 2 no Estádio Sarriá são considerados para muitos um marco que separa a era do futebol arte da era do futebol força