‘Melhor time do mundo’: Fluminense viu ruir sonho de conquistar Mundial em 1 min

Nino, John Kennedy e Eduardo Barros falaram ao Terra sobre a histórica temporada de 2023

12 jun 2025 - 04h59
Resumo
Ídolos do Fluminense relembram a conquista da Libertadores de 2023, encerrando uma espera de 15 anos, e projetam a estreia no Mundial de Clubes de 2025, destacando desafios e expectativas.

4 de novembro de 2023. Essa foi a data em que todo tricolor ficou 'louco da cabeça' e pôde, finalmente, ver o 'clube tantas vezes campeão' conquistar a Libertadores da América pela 1ª vez. O troféu --que saiu dos pés de John Kennedy e foi levantado pelo capitão Nino-- tirou a pressão do clube centenário e representou a coroação do estilo de jogo do técnico Fernando Diniz. A euforia tricolor levantou a dúvida: o dinizismo seria capaz de bater de frente com o poderoso Manchester City, de Pep Guardiola?

Nino, do Fluminense, é aplaudido por jogadores do Manchester City
Nino, do Fluminense, é aplaudido por jogadores do Manchester City
Foto: Robbie Jay Barratt /AMA/Getty Images
  • Essa reportagem faz parte do especial Volta ao Mundo em 90 Minutos, que conta histórias envolvendo as experiências de Flamengo, Palmeiras, Fluminense e Botafogo no Mundial de Clubes 

Há dois anos, o time carioca não teve chances: 4 a 0 para o Manchester City, com direito a um gol relâmpago com menos de 1 minuto. E uma nova oportunidade de realizar esse sonho começa no próximo dia 17 de junho, contra o Borussia Dortmund, da Alemanha, nos Estados Unidos. No entanto, o vice-campeonato mundial ainda é lembrado por todos. 

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O placar frustrou os jogadores e deixou um pensamento pairando pelo Estádio King Abdullah Sports, em Jedá, na Arábia Saudita: “Será que a gente não conseguiria ter feito melhor do que fizemos? Esse era o sentimento do vestiário”, conta Eduardo Barros, ex-auxiliar do técnico Fernando Diniz.

Antes da partida, no entanto, o sentimento era bem diferente. A confiança de quem poderia surpreender os ingleses com um futebol envolvente tomava conta dos recém-campeões da América do Sul, como recorda o zagueiro Nino.

“O clima no vestiário era de confiança. Sabíamos que a gente precisava fazer um jogo que beirasse a perfeição. O futebol sempre mostrou que se decide dentro de campo. Isso nos dava esperança, mas, infelizmente, não conseguimos” -- Nino, capitão do Fluminense em 2023

John Kennedy, do Fluminense, tenta arrancada contra o Manchester City
Foto: LUCAS MERÇON/FLUMINENSE

Em meio à confiança, todos sabiam que do outro lado havia um dos times mais completos dos últimos anos. Quem diz é John Kennedy, herói do título da Libertadores. Sob o comando do lendário técnico espanhol, meses antes, o City havia vencido a Inter de Milão na final da Liga dos Campeões da Europa.

“Fizemos um grande jogo na semifinal, mas, infelizmente, do outro lado, tinha o Manchester City, o melhor time do mundo na época. Acredito que demos o nosso melhor, mas, infelizmente, o título não veio”, lamenta o atacante, que agora defende o Pachuca, do México. 

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Para aquele elenco, a mescla de gerações foi o segredo para chegar ao sucesso. Sob a batuta de Diniz e Eduardo Barros, nomes como John Kennedy, Nino, André e Martinelli foram potencializados com o apoio dos experientes Marcelo, Felipe Melo, Paulo Henrique Ganso, Fábio e Germán Cano, por exemplo.

Os veteranos tiveram papel fundamental para ajudar os garotos a manter os pés no chão antes do confronto contra o multicampeão Al Ahly, do Egito, e a lidarem com a pressão de bater de frente com ídolos do futebol europeu. Aquela final, inclusive, contou com a presença de Rodri, que viria a ser o Bola de Ouro no ano seguinte.

Ex-auxiliar de Fernando Diniz analisa derrota do Fluminense para o Manchester City no Mundial
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Fernando Diniz e Eduardo Barros acompanham o jogo do Fluminense contra o City
Foto: LUCAS MERÇON/FLUMINENSE

Apesar de ser de conhecimento geral que o Mundial é mais desejado pelos sul-americanos do que pelos europeus, os tricolores descartam qualquer comportamento displicente por parte do City. Com exceção dos lesionados Kevin de Bruyne e Erling Haaland, Guardiola mandou a campo o que tinha de melhor: Éderson, Kyle Walker, John Stones, Rúben Dias, Nathan Aké, Rico Lewis, Rodri, Bernardo Silva, Phil Foden, Jack Grealish e Julián Alvarez. 

Mesmo com todo o poderio britânico, o Fluminense foi fiel ao seu estilo de jogo, conseguiu manter o controle de bola em alguns momentos e levar perigo ao adversário. Todo esse desenho da partida, contudo, ocorreu com o impacto de um lance logo no primeiro minuto, quando o experiente Marcelo errou uma virada de bola, que parou nos pés de Aké. O holandês arriscou de longe e acertou a trave. No rebote, Alvarez abriu o placar.

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Assim como o primeiro, o segundo tento saiu de uma infelicidade. Foden tentou cruzar e Nino cortou contra a própria meta. Os dois últimos gols saíram já na reta final da partida, dos pés de Foden e Alvarez. 

“Se a gente não sofre o gol tão cedo, o jogo poderia ter uma outra história que a gente não sabe qual poderia ser" -- Eduardo Barros, ex-auxiliar técnico do Fluminense

Sonho do Mundial nos EUA

Dos 16 jogadores que entraram em campo contra o City, Nino, Felipe Melo, Marcelo, André, John Kennedy, Alexsander, Marlon e Diogo Barbosa não vestem mais as cores do Fluminense. Mesmo assim, é certo que, ao menos para um deles, haverá uma torcida especial na busca dos ex-companheiros pelo sonho. 

Fora das Laranjeiras desde janeiro de 2024, Nino mantém contato com o elenco, especialmente com Samuel Xavier. No ano passado, inclusive, ele chegou a visitar o clube para reencontrar os velhos amigos.

“Eles falam muito da expectativa, vai ser um momento muito especial para eles. É uma experiência que todo mundo queria ter, é um campeonato que todo mundo queria jogar, os melhores jogadores do mundo vão estar lá, os olhos do mundo inteiro vão estar voltados para essa competição" -- Nino

Além da reformulação no formato, a edição deste ano do Mundial terá uma outra diferença, que pode ser positiva para os sul-americanos. O torneio saiu do meio da temporada europeia e passou para o final, oposto do calendário brasileiro.

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Jogadores do Fluminense a caminho dos Estados Unidos
Foto: Divulgação/Fluminense

“Pode ter mais equilíbrio nessa questão [mudança de data]. Agora, eu tenho a oportunidade de jogar em um campeonato com o calendário europeu. Eu sei que esse período do ano é o mais desgastante, fisicamente e mentalmente falando. E isso pode contar a favor dos brasileiros, sem dúvida alguma, por mais que cada jogo contra os europeus vá ser muito difícil, porque são times com altíssima qualidade e os melhores times do mundo”, analisa Nino.

Há, também, quem vai realizar novamente o sonho de disputar o Mundial, mas, desta vez, como rival. Torcedor declarado do Fluminense, John Kennedy sempre que pode veste as cores do time que o revelou. Nos Estados Unidos, entretanto, ele defenderá o Pachuca, do México, seu atual clube, que define como agressivo e incansável na busca por gol. 

Um hipotético encontro entre as duas equipes só poderia acontecer nas quartas de final, a depender da classificação dos grupos. Se os astros se alinharem e o atacante das Laranjeiras ficar frente a frente com o ex-time, a resposta sobre o que veremos ficará para o futuro.

“Se esse encontro acontecer, sinal que os dois times avançaram e seria ótimo. Sou tricolor, mas também sou profissional. Prefiro deixar esse ‘problema’ [de comemorar um possível gol] mais pra frente”, brinca o herói da Libertadores.

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Depois de 15 anos, um ponto final na espera

John Kennedy, do Fluminense, comemora gol na final da Libertadores
Foto: LUCAS MERÇON/FLUMINENSE F.C

Para garantir vaga no Mundial, o Fluminense precisou conquistar o título da Libertadores de 2023. Os jogadores que estrearam contra o Sporting Cristal no dia 5 de abril daquele ano sabiam do peso que carregavam. A pressão era grande, principalmente após a animadora reta final de temporada anterior. 

Apesar do sufoco na reta final da fase de grupos, o começo de campanha com três vitórias seguidas e as classificações sobre o Argentinos Juniors e o Olímpia até davam sinais de que coisas boas estavam para acontecer. A percepção de que a obsessão se tornaria realidade, porém, veio na semifinal.

“O jogo mais especial foi contra o Inter no Beira-Rio. Acho que o torcedor tricolor vai lembrar muito daquele jogo e, talvez, aquele jogo tenha nos dado a sensação de que realmente as coisas estavam acontecendo e conseguiríamos conquistar o título”, recorda Nino. 

Muito da conquista se deve ao chute de John Kennedy na final contra o Boca Juniors em pleno Maracanã. Até há quem considere que o tento saiu de um pé improvável, mas esse não é o caso do camisa 9. Um áudio enviado na noite anterior ao jogo mostrava que ele sabia bem o que estava prestes a acontecer, mesmo começando a partida no banco de reservas.

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“O gol do título é meu. Eu vou virar ídolo dessa porr* com 21 anos”, disse o jogador em uma conversa particular, vazada após a partida. Tamanha confiança foi extravasada na comemoração do Menino de Xerém, que garantiu o título e, de quebra, a classificação ao torneio em solo norte-americano.  

“Passou todo um filme [após o gol]. Desde o meu início ainda criança lá em Minas Gerais até a chegada em Xerém. Foi um momento muito especial e que lembro praticamente todos os dias. Um sonho realizado”, lembra o atacante.

Agora, graças ao título da Libertadores, o Fluminense se prepara para estrear no Mundial de Clubes contra o Borussia Dortmund, da Alemanha, no dia 17 de junho, em Nova Jersey. O Tricolor das Laranjeiras ainda enfrentará Ulsan HD, da Coreia do Sul, e Mamelodi Sundowns, da África do Sul, no Grupo F da competição.

Fonte: Redação Terra
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