E agora, Cruzeiro? Saída de ídolos "deforma" time e preocupa

Quase metade do time bicampeão brasileiro em 2014 deu adeus. Seis reforços chegaram. Sintoma de desmanche ou tentativa de dar fôlego a uma equipe acostumada a vencer?

23 jan 2015 - 10h06
(atualizado às 11h44)

Um dos times mais dominantes da década no futebol brasileiro, o Cruzeiro 2013/14 não existe mais.Tal constatação pode parecer óbvia - já que o ano virou -, mas o que o início da temporada tem proporcionado ao time celeste é inédito e, com certeza, coloca um enorme ponto de interrogação na cabeça dos torcedores mineiros: após tantas vendas e algumas contratações, como será o desempenho do Cruzeiro em 2015? O que tem acontecido é um desmanche ou a oxigenação de um elenco que poderia se acomodar com tamanho domínio recente?

Até este 23 de janeiro, simplesmente oito jogadores deixaram a equipe mineira para reforçar outros clubes. E os nomes são pesados – daqueles que tornavam o Cruzeiro diferente dos outros times que competiram e foram facilmente superados nas duas últimas edições do Campeonato Brasileiro. Os laterais esquerdos Samudio (Libertad-PAR) e Egídio (Dnipro-UCR), os volantes Nílton (Internacional) e Lucas Silva (Real Madrid), os meias Marlone (Fluminense) e Ricardo Goulart (Guangzhou Evergrande) e os atacantes Marcelo Moreno (Grêmio) e Borges (sem clube) não fazem mais parte do elenco celeste. Dagoberto é outro que sairá.

Publicidade
<p>Pilar do meio-campista cruzeirense em 2013/14, Lucas Silva reforçará o Real Madrid</p>
Pilar do meio-campista cruzeirense em 2013/14, Lucas Silva reforçará o Real Madrid
Foto: Pedro Vilela / Getty Images

Para piorar, a lista de baixas ainda tem Dedé, que lesionou o ligamento cruzado posterior do joelho direito e ficará de fora de seis a oito meses, e pode ganhar o indesejável nome de Everton Ribeiro, que tem chances de sair do Brasil para jogar nos Emirados Árabes Unidos. Se as especulações se confirmarem, o Cruzeiro iniciará 2015 com menos da metade do time titular de 2014. Dos 11 principais jogadores na campanha do bicampeonato brasileiro consecutivo, apenas Fábio, Mayke, Léo, Henrique e Willian têm permanência garantida na Toca da Raposa.

Mas quem chegou? Até aqui, seis jogadores: o lateral direito Fabiano (Chapecoense), o volante chileno Seymour (Genoa-ITA), o meia uruguaio De Arrascaeta (Defensor-URU), e os atacantes Joel (camaronês ex-Coritiba), Leandro Damião (Santos) e Riascos (colombiano ex-Morelia-MEX). Todos estes reforços já deram mostras de que podem render, mas é inegável que mudar mais da metade de um time que tinha no entrosamento e no trabalho coletivo a sua grande força é mais do que arriscado.

Cruzeiro 2015 terá outra cara. Dará certo?
Foto: Facebook / Reprodução

Pode dar certo? Sim. Mas também há boas chances de o rendimento cair se comparado ao do ano passado. A única certeza que se tem é a de que o time bicampeão brasileiro não existe e nem existirá mais. E isto coloca aquela famosa pulga atrás da orelha dos cruzeirenses. Depois de dois anos comandando praticamente os mesmos jogadores, Marcelo Oliveira terá que montar um novo time. O fato de ter de recomeçar em Minas Gerais é inédito e pode deixar o treinador em maus lençóis.

O Cruzeiro 2015 terá novidades em todos os setores do campo – algo que pode dar certo, mas a princípio, preocupa. Na defesa, há um buraco na lateral esquerda. Para isto, a diretoria corre para contratar Eugenio Mena, recém-desligado do Santos. O chileno, contudo, tem deficiências técnicas e pode demorar a tomar conta da posição. No miolo de zaga, o problema deve ser menor: Léo ainda não sabe quem será o seu companheiro até Dedé se recuperar de grave lesão, mas Bruno Rodrigo e Manoel são opções decentes.

Publicidade
Melhor jogador do último Campeonato Brasileiro, Ricardo Goulart foi para a China
Foto: . / Reprodução

Avançando à cabeça de área, a situação começa a ficar mais complicada. Henrique segue no time, mas Lucas Silva – que marca bem e ainda aparece na frente com finalizações de meia distância – deve fazer muita falta. Assim como Nilton, que foi fundamental na conquista do Brasileiro de 2013 e que, no ano passado, costumava dar sustentação ao meio de campo celeste quando necessário. Willian Farias, Rodrigo Souza e o recém-contratado Felipe Seymour devem brigar para atuar ao lado de Henrique. Nenhum deles, porém, é criativo. Todos mais destroem do que constroem.

A armação de jogadas, aliás, é o que mais deve sofrer com as mudanças no elenco para 2015. De Arrascaeta não tem as mesmas características de Ricardo Goulart, e uma saída de Éverton Ribeiro mudaria o patamar do time. Julio Baptista, Marquinhos, Joel e Riascos seriam as alternativas. Nenhum deles, contudo, é aquele 10 cerebral, capaz de desequilibrar uma partida com passe ou movimentação diferenciada. Na frente, Leandro Damião será o substituto de Marcelo Moreno. E, curiosamente, o jogador que pode simbolizar bem o Cruzeiro de 2015. Por qual motivo? Pois, para brilhar, ambos terão de se reinventar. E eles vão conseguir? Isso só o tempo dirá...

Em fase de transição, Fábio vê Cruzeiro ainda forte em 2015
Video Player
Fonte: Terra
Fique por dentro das principais notícias de Futebol
Ativar notificações