NBA revisa políticas e aciona inteligência artificial após escândalos de apostas

Prisões de Terry Rozier e Chauncey Billups levam liga a reavaliar regras, ampliar monitoramento e responder a questionamentos do Senado dos EUA

28 out 2025 - 16h30
(atualizado às 16h30)
Lakers NBA
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Foto: Esporte News Mundo

A NBA iniciou uma revisão abrangente de suas políticas internas sobre apostas esportivas após o envolvimento do armador Terry Rozier, do Miami Heat, e do técnico Chauncey Billups, do Portland Trail Blazers, em esquemas ilegais de apostas e vazamento de informações confidenciais.

As prisões, realizadas na última quinta-feira (23) pelo FBI, levaram a liga a adotar medidas emergenciais para proteger a integridade das competições e a segurança de atletas e treinadores.

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O caso, que também envolve o ex-jogador e assistente técnico Damon Jones, desencadeou uma reação imediata da liga e do Congresso dos Estados Unidos, que cobrou explicações sobre as investigações.

Em um memorando enviado às 30 equipes, assinado pelos executivos Rick Buchanan e Dan Spillane, a NBA afirmou que o momento é de "reavaliar cuidadosamente como as apostas esportivas devem ser regulamentadas e como as ligas podem se proteger".

Entre as medidas anunciadas estão uma revisão das políticas de divulgação de lesões, treinamento obrigatório sobre os riscos do jogo, reforço na segurança dos atletas e o uso ampliado de inteligência artificial para identificar padrões suspeitos de apostas, cruzando dados de casas legais, redes sociais e outras fontes.

"Com as apostas esportivas ocupando uma parte tão significativa do cenário atual, devemos garantir que jogadores, técnicos e funcionários da NBA estejam plenamente conscientes dos graves riscos que as apostas podem representar para suas carreiras e meios de subsistência", destacou o comunicado.

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De acordo com as acusações apresentadas por promotores federais em Nova York, Rozier teria informado um amigo próximo que deixaria uma partida em março de 2023, quando ainda defendia o Charlotte Hornets, por causa de uma lesão. A informação, não divulgada publicamente na época, teria sido usada para apostas de mais de US$200 mil (cerca de R$1 milhão), que resultaram em altos lucros após o jogador permanecer apenas nove minutos em quadra.

Rozier, acusado de conspiração e lavagem de dinheiro, negou qualquer envolvimento. Seu advogado, Jim Trusty, declarou que o atleta "não é apostador e está pronto para provar sua inocência".

Já Chauncey Billups, membro do Hall da Fama e treinador do Portland, foi citado como "co-conspirador 8" no mesmo processo. Segundo o documento, ele teria informado um dos réus sobre planos do time de perder um jogo propositalmente contra o Chicago Bulls para melhorar a posição no draft, o que levou a apostas antecipadas de cerca de US$100 mil.

Billups também enfrenta outra acusação federal, por supostamente participar de jogos de pôquer clandestinos organizados por membros da máfia e manipulados com dispositivos eletrônicos. Por meio de seu advogado, Chris Heywood, ele afirmou que "nunca forneceu informações internas nem trairia a confiança da liga".

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O ex-jogador Damon Jones, que atuou como assistente técnico na NBA, foi acusado de vazar dados de lesões de LeBron James e Anthony Davis a apostadores antes que as informações fossem divulgadas oficialmente. Não há indícios de que os atletas estivessem cientes do esquema.

O escândalo ultrapassou o ambiente esportivo e chegou a Washington. Os senadores Ted Cruz (republicano) e Maria Cantwell (democrata) enviaram um ofício ao comissário Adam Silver, exigindo explicações sobre como a NBA conduziu a investigação e por que Rozier pôde continuar jogando após suspeitas de manipulação. O Congresso deu à liga prazo até 10 de novembro para apresentar respostas.

"A integridade dos jogos da NBA deve ser confiável e livre da influência do crime organizado. Escândalos como este podem fazer o público americano presumir que todos os esportes são corruptos", afirmaram os senadores.

No memorando às equipes, a NBA reconheceu que as apostas suspeitas envolvendo Rozier foram detectadas em tempo real e destacou a necessidade de revisão legal e regulatória mais ampla.

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A liga pretende intensificar o controle sobre as chamadas prop bets, apostas baseadas em estatísticas individuais, por entender que esse formato eleva o risco de manipulação.

Além da revisão de políticas e do uso de ferramentas de IA, a liga está solicitando sugestões das franquias para aprimorar os mecanismos de monitoramento e educação sobre apostas.

Este é o segundo grande caso envolvendo apostas na NBA em menos de um ano. Em 2024, o jogador Jontay Porter, do Toronto Raptors, foi banido da liga após admitir participação em um esquema de apostas ilegais.

Desde então, a NBA proibiu apostas em jogadores com contratos curtos, como vínculos de 10 dias ou de dupla via, considerados mais vulneráveis à manipulação.

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As casas de apostas parceiras da NBA, como FanDuel, DraftKings e Fanatics, afirmaram colaborar com a liga para detectar padrões anormais de apostas. O CEO da Fanatics, Matt King, disse que a empresa mantém "comunicação constante com as ligas esportivas sobre integridade e regulação".

Enquanto a investigação segue em andamento, Rozier, Billups e Jones estão suspensos preventivamente, e a NBA promete uma revisão completa de seus protocolos para evitar novos escândalos.

"Acreditamos que mais pode ser feito, do ponto de vista legal e regulatório, para proteger a integridade da NBA e de suas ligas afiliadas", concluiu o comunicado da liga.

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