De lenda do ciclismo a nome apagado dos livros de história do esporte, Lance Armstrong, 41 anos, sonha com o “renascimento”. Analisando que “ao final as pessoas perdoam e esquecem”, o ex-atleta fala em superar o escândalo de doping do mesmo modo como o ex-presidente americano Bill Clinton deu a volta por cima.
Clinton, 66 anos, presidiu os Estados Unidos de 1993 a 2001 e sofreu em 1998 um processo de impeachment devido ao escândalo sexual envolvendo a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Clinton acabou absolvido pelo Senado e deixou a presidência com uma das mais altas taxas de aprovação da história moderna do país (68%).
Em entrevista à revista americana Texas Monthly, Armstrong definiu o ex-presidente como um “herói”. O ex-ciclista ressaltou que “ao final as pessoas perdoam e esquecem e lembram aquilo que você fez de bom”. Ele admitiu que isso “é difícil”, mas lembrou que “Clinton conseguiu e depois de dez anos” se tornou “o presidente do mundo”, tendo ainda hoje bastante influência na política internacional.
Em janeiro, Armstrong admitiu, em entrevista à apresentadora americana Oprah Winfrey, que usou transfusões de sangue, EPO (eritropoietina) e testosterona sistematicamente durante a carreira. Até então, ele sempre havia negado as acusações de doping.
No fim do ano passado, a UCI (União Ciclística Internacional) retirou os sete títulos de Armstrong na Volta da França, acatando um relatório divulgado pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada). O dossiê da agência incluiu mais de 1 mil páginas com testemunhos, e-mails, registros financeiros e análises de laboratório de amostras de sangue, chegando à conclusão de que o ex-atleta coordenou o “mais sofisticado” esquema de doping que o esporte já viu.
Desde a confissão, o ex-ciclista disse que vem sofrendo um “banho de sangue”, mas ressaltou que isso já era esperado. Ele teve câncer no testículo em 1996 e superou a doença para voltar às competições. Depois disso, em 1997, criou a Livestrong, fundação sem fins lucrativos que até aqui arrecadou aproximadamente US$ 500 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) para auxiliar pacientes com câncer.
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Maior vencedor da história da Volta da França, Lance Armstrong perdeu todos os sete títulos conquistados entre 1999 e 2005 no evento. Presidente da União de Ciclismo Internacional (UCI), Pat McQuaid confirmou a decisão em 22 de outubro, seguindo a recomendação da Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos), que divulgou um dossiê de mais de mil páginas contendo evidências de que o americano se dopou durante a carreira. Relembre os sete títulos que Armstrong perdeu:
Foto: Getty Images
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O primeiro título do americano viria em 1999, no dia 25 de julho, correndo pela equipe US Postal Service
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Em 2000, o segundo título; no mesmo ano publica o livro It's Not About the Bike, em que explica seu regresso à competição após superar um câncer, além de ser bronze nos Jogos Olímpicos; em novembro, é divulgada uma investigação aberta na França por causa de uma acusação anônima sobre doping de sua equipe na competição
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Em 2001, não só vence na França como também na Suíça
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Com o quarto título, em 2002, se junta a Jaques Anquetil, Bernard Hinault, Merckx Eddy e Miguel Indurain no grupo de tetracampeões da competição
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Um ano depois vence na França novamente e se iguala ao espanhol Miguel Indurain como pentacampeão
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Armstrong entra definitivamente para a história em 2004, quando se torna o único hexacampeão da Volta da França; semanas antes do início da competição, o atleta é acusado de doping em livro escrito por David Walsh e Pierre Ballester; Mike Ardenson, ex-assistente de Armstrong, alega que encontrou substâncias ilegais no quarto do atleta e o ajudou a fugir de exâmes surpresa, sendo acusado de extorção posteriormente
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Armstrong se aposenta no esporte em 2005, mas antes se consagra heptacampeão na França; o diário francês L'Equipe informa que há novas provas de doping em seis amostras de urina do atleta, supostamente tiradas em 1999