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Sem "substância", investimento de siderúrgicas anunciado pelo governo gera dúvidas

21 mai 2024 - 16h06
(atualizado às 17h45)

SÃO PAULO (Reuters) -O anúncio do governo federal de que a indústria de produção de aço do Brasil vai investir cerca de 100 bilhões de reais nos próximos cinco anos engloba boa parte de projetos já em andamento e previamente divulgados por empresas do setor, que vive há anos quadro de baixa demanda nacional e importações elevadas, de acordo com uma fonte e levantamento da Reuters.

Após participar de reunião com o setor na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "agora estamos anunciando mais 100 bilhões de reais de investimentos da indústria siderúrgica nos próximos cinco anos", dando a entender que tratam-se de novos empreendimentos.

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Lula e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o vice-presidente Geraldo Alckmin, no entanto, não deram detalhes dos novos investimentos, assim como empresas procuradas pela Reuters.

Uma fonte do setor, que pediu para não ser identificada dada a sensibilidade do assunto, disse que o anúncio "foi mais um movimento político" e uma "tentativa de pacificar as coisas com o governo", por parte de um setor que cobra há anos do governo revisão das condições de competitividade do país como condição para ampliações de capacidade.

"Foi um anúncio em que não se falou nada. Não vi nada de novo... Faltou substância", disse a fonte. "Anunciaram 100 bilhões para gastar no que? Quando?"

Questionado, o MDIC não detalhou os investimentos anunciados, mas disse que "considera extremamente positivo o anúncio de 100 bilhões de reais nos próximos cinco anos, feito pelo Instituto Aço Brasil no Palácio do Planalto".

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"Tais investimentos, segundo dito pelos representantes empresariais durante o evento, estão relacionados às medidas adotadas pelo governo para fortalecer a indústria nacional", acrescentou.

No mês passado, o governo atendeu uma das demandas do setor ao elevar de cerca de 11% para 25% a tarifa de importação de 11 produtos siderúrgicos, em medida válida por um ano. À época, o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a medida foi um avanço "muito importante, mas não resolve totalmente" os problemas do setor.

Procurada a respeito do anúncio de Lula, a empresa remeteu o assunto ao Aço Brasil, entidade que representa parte do parque produtor de aço do país, que não se manifestou.

Atualmente, o Brasil tem uma capacidade de produção de 51 milhões de toneladas por ano de aço bruto, segundo dados do Aço Brasil, mas em 2023 o volume da liga que saiu dos altos-fornos brasileiros foi de 32 milhões de toneladas, uma queda de 6,5% sobre 2022 e uma indicação de ocupação de capacidade de 63% ante um nível que o setor considera como ideal de acima de 80%.

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Enquanto isso, a importação de aço pelo país cresceu 50%, para 5 milhões de toneladas, o equivalente à produção de uma usina siderúrgica inteira como a Ternium CSA, no Rio de Janeiro, segundo dados do Aço Brasil.

Entre os planos de investimento já anunciados pela indústria siderúrgica brasileira estão 25 bilhões de reais da ArcelorMittal, maior grupo siderúrgico do mundo, entre 2022 e 2026, afirmou a companhia nesta terça-feira. A conta inclui a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, por 11,4 bilhões de reais, concluída em março do ano passado.

A Gerdau, por sua vez, tem planos de investir 8,6 bilhões de reais em suas operações no Brasil entre 2021 e 2026, cifra que inclui 1 bilhão de reais em expansão florestal, em meio à estratégia do grupo de reduzir sua pegada de carbono.

Enquanto isso, a CSN, que nos últimos anos vem se diversificando e concentrando esforços no setor de cimento, menos afetado por importações, tem planos de investir por ano 6 bilhões a 7 bilhões de reais em média entre 2025 e 2028 em projetos que incluem além de aço e cimento, mineração.

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