Petrobras reduz curva de produção em novo plano de negócios, dizem analistas

5 dez 2018 - 14h07
(atualizado às 15h19)

A Petrobras reduziu mais uma vez a curva de produção de petróleo planejada para os próximos anos no Brasil, em meio a atrasos na entrega de plataformas, mostrou nesta quarta-feira seu plano de negócios quinquenal, que veio dentro da expectativa de analistas ouvidos pela Reuters.

Logo da Petrobras na sede da empresa em São Paulo
20/02/2018
REUTERS/Paulo Whitaker
Logo da Petrobras na sede da empresa em São Paulo 20/02/2018 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Paulo Whitaker / Reuters

Em 2023, a produção de petróleo da empresa no Brasil deverá alcançar 2,84 milhões de barris de petróleo (bpd), segundo cálculos do Itaú BBA, com base no plano de negócios da Petrobras.

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No plano anterior, a Petrobras previa alcançar 2,9 milhões de bpd em 2022.

"Aos meus olhos, o aspecto mais interessante do novo plano é outro corte nas metas de produção. Francamente, perdi a conta de quantas vezes as metas de produção foram reduzidas nos últimos cinco anos ou mais, afirmou o analista Pavel Molchanov, da corretora Raymond James.

Ao longo do plano, entre 2019 e 2023, está prevista a entrada em operação de 13 novas plataformas. No período anterior, entre 2018 e 2022, estavam previstas 18 plataformas, sendo que quatro delas já entraram em 2018, uma ainda está prevista para este ano e duas foram postergadas.

Em relatório, o Itaú BBA pontuou que as estimativas de produção vieram próximas do esperado pelo banco, que previa 2,74 milhões de barris ao dia, em meio a alguns atrasos.

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"Algumas plataformas foram jogadas para frente, isso implica em uma curva marginalmente menor de crescimento da produção", disse Walter De Vitto, analista de petróleo da Tendências, que pontuou que o plano veio "sem grandes surpresas", em linha com o que a atual administração vem fazendo.

No plano, a Petrobras prevê investir 84,1 bilhões de dólares nos próximos cinco anos, um aumento de quase 10 bilhões de dólares na comparação com o plano anterior, com o setor de exploração e produção de petróleo e gás mantendo a maior parte dos aportes.

Aprovado na véspera pelo conselho de administração da empresa, o novo plano supera os investimentos de 74,5 bilhões de dólares previstos entre 2018 a 2022 e ainda indica potenciais vendas de ativos de 26,9 bilhões de dólares no período do plano.

A empresa também traçou como nova meta dívida líquida sobre Ebitda ajustado abaixo de 1,5 vez em 2020.

Vitto, da Tendências, destacou que, na área de refino, a Petrobras reiterou a intenção de concluir a unidade de redução de emissões atmosféricas (SNOX) e ampliação do processamento da primeira unidade de refino da Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, além da conclusão de segunda unidade de refino da refinaria.

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Além disso, incluiu no plano estudo de viabilidade em curso para a conclusão da refinaria do Comperj, no Rio de Janeiro, em parceria com a chinesa CNPC.

Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), destacou que o plano veio dentro da expectativa do mercado, com aumento razoável da produção, desinvestimentos importantes e meta ambiciona de alavancagem.

"O desafio do próximo governo é manter esse plano e acho que vai de encontro com aquilo que o governo (de Jair) Bolsonaro pretende fazer a partir do ano que vem", disse Pires.

Segundo ele, a gestão do ex-presidente Pedro Parente e de seu sucessor Ivan Monteiro foi focada mais no financeiro, o que para ele era correto devido à situação das contas da companhia, e que a gestão do economista Roberto Castello Branco, nomeado pelo governo eleito como próximo presidente, será mais estratégia e, portanto, mais focada nos desinvestimentos.

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