Novo preço aumentará interesse por privatização da Cesp, dizem analistas

10 jul 2018 - 14h40
(atualizado às 16h25)

Um novo edital publicado para o leilão em que o governo de São Paulo buscará vender sua fatia na elétrica Cesp, agendado para 2 de outubro, traz mudanças de regras e uma redução no preço estabelecido para os papéis da companhia que deverão aumentar o apetite de investidores pelo negócio, segundo analistas.

Torres de transmissão de energia elétrica em Brasília, Distrito Federal
31/08/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Torres de transmissão de energia elétrica em Brasília, Distrito Federal 31/08/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O governo paulista chegou a agendar a venda da Cesp no ano passado, mas suspendeu o processo em meio à falta de interesse pelo ativo. Agora, a companhia negociou uma prorrogação no contrato de sua principal usina, Porto Primavera, que venceria em 2028, enquanto o preço por ação para a venda da empresa foi definido em 14,30 reais, contra 16,80 reais antes.

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"Definitivamente, ficou mais interessante. Acho que agora o negócio começa, os investidores vão olhar com outros olhos para esse edital... A prorrogação do contrato de Porto Primavera é um item importante, bem como a queda do valor (por ação definido para o leilão)", disse à Reuters a diretora da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini.

Outra mudança nas regras do leilão estabelece que o eventual novo controlador da Cesp poderá manter ganhos adicionais em ações em que a companhia exige indenizações da União por investimentos feitos em suas usinas que ainda não teriam sido amortizados ao final dos respectivos contratos de concessão, apontaram analistas do UBS em relatório na segunda-feira.

Antes, eventual ganho além do previsto nos pleitos judiciais teria de ser partilhado com o governo paulista.

Para o UBS, esse foi um dos principais fatores por trás do pouco interesse no leilão no ano passado, juntamente com a expectativa anterior de vencimento em curto prazo do contrato de Porto Primavera.

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"Como esses dois principais obstáculos à privatização foram removidos, nós ficamos mais otimistas quanto às suas chances", escreveram os analistas do banco suíço, que agora embutem no preço-alvo para as ações da Cesp uma probabilidade de 50 por cento de que a companhia seja de fato desestatizada.

"Nós estimamos que a Cesp poderia valer 21 reais por ação se privatizada", adicionaram os profissionais do UBS, destacando que esperam competição na licitação da companhia.

Analistas do Itaú BBA apontaram uma visão ainda mais otimista, com estimativa de que um novo controlador privado poderia levar o valor das ações da Cesp para acima de 25 reais por papel após cortes de custos e outras medidas, como uma melhor estrutura tributária.

"Nós acreditamos que a Cesp tem diversas fontes de potenciais melhorias que poderiam facilmente fazê-la valer mais de 25 reais por ação, o que esperamos que seja suficiente para atrair companhias de private equity e operadores tradicionais para o processo e finalmente fazer essa privatização acontecer", escreveram em relatório no domingo.

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Para a equipe do Itaú BBA, o preço mínimo definido para o leilão chega a ser "bom demais para ser verdade", o que deve ajudar a atrair ao menos mais de dois concorrentes para o leilão da companhia paulista.

As ações da Cesp operavam em alta de mais de 1 por cento nesta terça-feira, no primeiro pregão após a publicação do novo edital pelo governo paulista, no sábado.

A estatal controla três hidrelétricas em São Paulo com um total de 1,65 gigawatt, com a maior parte da capacidade concentrada na usina de Porto Primavera.

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