A brasileira Fernanda Prezybylski superou desafios como idioma e burocracia nos EUA, validou sua formação e agora auxilia mulheres imigrantes a se reestruturarem profissionalmente por meio de sua empresa, focando em inclusão e dignidade.
Dados oficiais indicam: nos Estados Unidos vivem cerca de 23 milhões de mulheres vindas de outros países. Elas representam mais da metade (51%) da população imigrante em território norte-americano. Uma parcela considerável chega com formação profissional e acadêmica, em busca de oportunidades não disponíveis em suas localidades de origem. Mas nem sempre conseguem.
Foi, inicialmente, o caso da brasileira Fernanda Prezybylski. Embora graduada em Administração e pós graduada em negociação estratégica, precisou, primeiro, atuar fora de sua área de formação. Trabalhou por dois anos como garçonete. Obteve o green card. Lidou com as barreiras do idioma, cuidou dos trâmites e conseguiu, enfim, validar sua formação acadêmica. Hoje, empreende, auxiliando outras mulheres imigrantes a conseguirem o mesmo.
O serviço é prestado por meio da Fernanda Immigration, empresa que Fernanda, especialista em leis de imigração e com MBA em Negociações Estratégicas, criou há três anos. Com ela, atua Nayane Czarnecki, sua sócia, que no Brasil, orienta juridicamente famílias preparando e protegendo antes mesmo do embarque.
O trabalho da profissional inclui suporte jurídico administrativo, com orientações para abertura de empresas, serviços de auxílio book keeper (espécie de contabilidade), emissão de Tax ID (documento de identificação), comprovação de experiência profissional “e toda a estruturação que uma pessoa precisa para reiniciar sua vida aqui nos Estados Unidos”, frisa Fernanda. “Atuamos como um despachante, fazemos tudo que as pessoas poderiam fazer sozinhas, porém não sabem, seja pela barreira da língua ou falta de tempo.”
A especialista explica que a colocação no mercado de trabalho qualificado em solo estrangeiro esbarra em um conjunto de desafios. São barreiras das mais cotidianas – como a dificuldade de comunicação, por causa do idioma – até as mais formais. “Ainda, a falta de incentivo ou certo comodismo, pois em profissões braçais se faz um bom dinheiro, então as mulheres não saem para se qualificar, ou diminuem a carga horária de qualificação no novo mercado de trabalho que estão encarando. Não são, contudo, barreiras intransponíveis”, sublinha.
“Estima-se que até 70% dos profissionais migrantes não atuem nas profissões para as quais foram originalmente qualificados. Esse cenário é ainda mais complexo para as mulheres, que enfrentam barreiras adicionais relacionadas ao gênero e à dupla jornada de trabalho”, avalia Fernanda. “Nosso objetivo é garantir os direitos dessas mulheres, promovendo inclusão com dignidade e respeito”, sublinha.
Desse modo, o auxílio prestado tem foco especial também na superação da barreira linguística e no combate à discriminação. O serviço permite que mulheres imigrantes superem a falta de habilidades para lidar com processos burocráticos imigratórios, seja na obtenção de documentos para se inserir no mercado de trabalho , seja para abrir uma empresa e se comunicar com autoridades e órgãos públicos em geral.
Por causa de todas essas adversidades, muitas mulheres se privam do sonho de atuar nas profissões para as quais se graduaram e se prepararam. Assim, acabam aceitando trabalhos informais ou que não correspondem à sua qualificação, com condições insatisfatórias e baixo potencial de crescimento.
“Com suporte e orientação, essas mulheres podem, sim, conquistar e manter oportunidades profissionais nos Estados Unidos, as quais não conseguem em seus países de origem”, observa a especialista.
A própria trajetória pessoal de Fernanda é um indicativo de que as barreiras estão, por vezes, nas condições mais elementares – como nas de comunicação. Ela conta que teve uma primeira experiência nos Estados Unidos entre 2019 e 2020, e sentiu carência de maior conhecimento do inglês. “Foi por um ano e dois meses, e percebi a dificuldade que é lidar com o idioma. Pensamos que o simples fato de estar no país estrangeiro já nos permite aprender a língua local, mas não é assim".
Em 2020, já com o mundo vivendo a pandemia de Covid-19, retornou ao Brasil. Dedicou-se a se aprofundar na língua inglesa. Com um maior domínio desse idioma, voltou aos Estados Unidos em 2022, estabelecendo-se com a prestação de serviços de apoio a mulheres imigrantes, por meio da Fernanda Immigration.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.