Exportação de milho do Brasil pode despencar para 20 mi t em 2018, diz Dreyfus

7 ago 2018 - 12h58
(atualizado às 13h13)

As exportações de milho do Brasil em 2018 podem totalizar apenas 20 milhões de toneladas, abaixo do esperado atualmente pelo mercado, com o país lidando com uma safra menor neste ano, disse nesta terça-feira um executivo da Louis Dreyfus Company (LDC) no Brasil.

Homem segura milho da segunda safra em Sorriso, Mato Grosso, Brasil
26/07/2017
REUTERS/Nacho Doce
Homem segura milho da segunda safra em Sorriso, Mato Grosso, Brasil 26/07/2017 REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Uma exportação de 20 milhões de toneladas em 2018 representaria uma queda drástica na comparação com as cerca de 30 milhões de toneladas de 2017, quando o Brasil colheu uma safra recorde.

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"Se exportar 27 milhões de toneladas, podemos acabar sem estoques. A exportação pode ser próxima de 20 milhões", afirmou o diretor-executivo de Oleaginosas da LDC, Luis Barbieri.

Contudo, pelos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil terá estoques ao final de 2018 de mais de 10 milhões de toneladas, ainda que exporte 30 milhões de toneladas --os números oficiais se assemelham ao de consultorias do setor.

Analistas e entidades, que vêm reduzindo suas projeções para os embarques do país em 2018, ainda apostam em um volume mais próximo do previsto pela Conab.

Recentemente, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), integrada pela Dreyfys e outras tradings do setor, cortou sua estimativa para 27 milhões de toneladas, de 30 milhões anteriormente.

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O Brasil é o segundo maior exportador global de milho, atrás apenas dos Estados Unidos, mas deve registrar uma safra 2017/18 de cerca de 83 milhões de toneladas, ou aproximadamente 15 milhões de toneladas menor ante o recorde de 2016/17, em meio a redução de área plantada e seca nos últimos meses, segundo dados da Conab.

Barbieri, no entanto, avalia que as exportações brasileiras de milho tendem a ficar abaixo dos números projetados atualmente.

"O tanto que vai exportar vai depender do rimo de venda do produtor", afirmou durante apresentação em evento promovido por Datagro e XP em São Paulo.

A LDC integra o chamado ABCD de gigantes tradings com forte atuação no comércio global de grãos, ao lado de Archer Daniels Midland (ADM), Bunge e Cargill.

FRETE

O executivo criticou ainda o tabelamento de fretes, instituído pelo governo após os protestos de caminhoneiros e que, desde então, tem sido motivo de críticas por parte do setor produtivo.

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"Além de ter volatilidade de acordo com oferta e demanda, ao longo do período o valor do frete é corregido pela inflação, se ajusta...", disse ele, notando que o tabelamento "é um entrave a qualquer atividade econômica no Brasil nos próximos anos".

Para justificar sua afirmação, Barbieri comentou que o frete de Jataí (GO) até o Porto de Santos para o transporte de milho, soja e açúcar aumentou 37,9 por cento entre 2013 e 2018, em linha com a inflação no período, de 36,6 por cento.

Ainda segundo ele, tal tabela deve levar o setor a "alocar capital de forma errada", ao investir em compras de caminhões para formação de frota própria.

"Hoje é impossível precificar a próxima safra, porque tem a questão dos fretes e tem a guerra comercial", acrescentou ele, referindo-se à escalada de tensões entre EUA e China.

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Barbieri ainda disse que a infraestrutura portuária no Brasil, que representou um entrave às exportações brasileiras no passado, não é mais um problema.

Após uma expansão nos últimos anos, o país tem hoje capacidade para embarcar 221 milhões de toneladas de granéis sólido (basicamente soja, milho e açúcar), mas deve exportar pouco mais de 150 milhões em 2018, afirmou o executivo da LDC.

"Na questão portuária, já passamos o gargalo", resumiu.

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