Em vídeos para funcionários, Parente e executivos defendem política de preços da Petrobrás

Presidente da Petrobrás tenta desarmar críticas que têm sido feitas contra a atual gestão e lembra período em que a política de reajustes mensais levou a companhia a perder participação no mercado

31 mai 2018 - 13h47
(atualizado às 14h12)

Na berlinda desde o início da greve dos caminhoneiros, a Petrobrás saiu em defesa de sua política de preços de derivados para os próprios funcionários. Em uma série de vídeos, o presidente Pedro Parente e executivos de médio escalão de várias áreas da companhia falam sobre estratégia de refino, formação de preço, endividamento e justificam os reajustes diários. Na prática, rebatem alegações da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pedem "reflexão aos funcionários" sobre os movimentos recentes de caminhoneiros e petroleiros.

"Será que esse seria efetivamente o caminho para a gente melhorar a situação da nossa companhia?", questiona o gerente executivo de recursos humanos da Petrobrás, Jose Luiz Marcusso.

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Em um dos vídeos, divulgados no início da semana, Parente diz que a situação ainda não está 100% e que ainda há "coisas para acontecer até voltar à normalidade". Justifica a política de reajustes diários, lembrando do período, no ano passado, em que a política de reajustes mensais levou a companhia a perder participação no mercado. Na época, a cotação do barril do petróleo estava em um dos níveis mais baixos dos últimos anos e a companhia praticava preços no mercado interno mais altos do que os de derivados importados, o que levou os concorrentes a aumentarem as importações.

O presidente da Petrobras e executivos das áreas de logística e exploração e produção tentam desarmar críticas que têm sido feitas contra a atual gestão em relação ao aproveitamento da capacidade de refino, que seria determinante para a ampliação as importações de derivados em um momento de preço de petróleo desfavorável. Parente tenta mostrar que não é o responsável por esse tipo de decisão. "Não tenho esse poder. Nem saberia fazer", diz, sobre a carga das refinarias.

Em outros vídeos, Dênis Dinelli, gerente da gestão integrada de exploração e produção, destaca os custos embutidos nos preços dos derivados para desarmar a tese de que a Petrobras produz o barril a US$ 10. Já a gerente executiva de finanças, Bianca Nasser Patrocinio, fala sobre gestão recente do endividamento da empresa.

Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, os vídeos fazem parte de "ações de esclarecimento", intensificadas e direcionadas ao público interno porque as políticas da companhia "tiveram sua exposição potencializada em função da greve dos caminhoneiros". Os vídeos foram publicados na intranet corporativa e também foram enviados por celular.

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Propostas. O ex-ministro da Fazenda e pré-candidato do MDB à presidência, Henrique Meirelles, afirmou hoje que a política de preços da Petrobrás será mantida e que o governo não tem nenhuma intenção de mexer nas regras de comercialização da empresa. A declaração foi dada após Meirelles participar de um encontro com bispos e fieis da igreja evangélica Assembleia de Deus, em Brasília, ao lado do presidente Michel Temer.

Meirelles aproveitou para dizer que trabalha numa proposta de criação de um "fundo de estabilização" para evitar alterações bruscas no preço dos combustíveis cobrados nas bombas dos postos. A ideia, que ainda está em elaboração, não seria implantada neste ano, mas apenas no ano que vem, caso Meirelles vença a eleição.

"A criação desse fundo de estabilização visaria justamente amortecer e estabilizar o preço da gasolina na bomba, preservando a política de preços da Petrobrás, mas a questão dos impostos pode subir ou descer conforme o preço do petróleo", comentou. "O fundo manteria a estabilidade da arrecadação e evitaria a subida muito forte do preço da gasolina na bomba."

Questionado sobre a origem dos recursos para o fundo, disse que o dinheiro viria da arrecadação flexível de impostos. "No momento em que sobe o preço do petróleo, sobe o custo da gasolina e isso leva a uma diminuição automática dos impostos e a arrecadação da União seria recomposta pelo uso desse fundo. Quando o preço do petróleo cai, o fundo seria capitalizado. Quando o preço do petróleo sobe, seria usado o recurso desse fundo", comentou, comparando a ideia com o fundo soberano de países do Golfo, que utilizam o mesmo conceito. "A política de preços da Petrobrás deve ser mantida, mas não a flutuação do preço na bomba. Vamos estudar as dimensões do que poderia ser feito."/André Borges, Renata Batista, Fernanda Nunes e Vinicius Neder

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