Cortes adicionais da nota soberana brasileira são prováveis nos próximos meses se não houver melhora do ambiente político e macroeconômico, avalia Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, após a Fitch rebaixar o país para grau especulativo.
“O rebaixamento reflete a acentuada deterioração do cenário macroeconômico nos últimos meses e a visível erosão de ambiente político”, afirma o economista, em relatório.
Ramos acrescenta que a falta de progressos tangíveis na agenda fiscal certamente contribuiu de forma decisiva e antecipou o rebaixamento do rating.
O corte da nota soberana pela Fitch aconteceu após o governo reduzir a meta de superávit fiscal de 2016 de 0,7% para 0,5%, com possibilidade de cair para zero com abatimento de gastos do governo.
O economista lembra que a Fitch e a S&P (Standard & Poor’s) têm perspectiva negativa para o rating brasileiro. A Moody’s também já avisou que poderá mudar sua nota concedida ao país nos próximos três meses a depender dos rumos políticos e econômicos.
Ramos avalia que uma estabilização das perspectivas do rating ou, eventualmente, a recuperação do grau de investimento exigirá uma combinação de ajuste fiscal “convincente” e profundas reformas estruturais de longo alcance para aumentar o limitado potencial de crescimento da economia.
“A respeito disso, infelizmente, a perspectiva de curto prazo não é muito promissora”, afirma o diretor de pesquisa para América Latina do banco norte-americano.