Há vida fora da Globo. Cada vez mais, ex-funcionários da emissora e de suas afiliadas comprovam isso.
No fim de 2024, os repórteres Wilson Kirsche e Ana Zimmerman foram desligados da RPC do Paraná após quase 30 anos no canal.
O baque inicial logo gerou energia para um recomeço. Kirsche trabalha agora na Rede Massa, afiliada do SBT pertencente a Ratinho. Ana foi contratada pela TV Assembleia, da Assembleia Legislativa paranaense.
Fora da TV, ambos passaram a tocar projetos pessoais e agora estão juntos em um novo desafio.
Uniram-se aos também jornalistas experientes Thays Beleze e Fernando Parracho na criação da Quatro+, uma multiplataforma focada em contar histórias reais de gente comum, especialmente sobre resiliência e superação.
Economia e etarismo
No jornalismo da Globo e afiliadas sobraram poucos repórteres veteranos. A maioria dos 50+ foi demitida.
O motivo seria redução de custos fixos: quem tinha mais tempo de casa e salário maior acabou sacrificado para que as emissoras voltassem ao lucro.
A fórmula é simples e reprovável: trocar jornalistas mais velhos por profissionais em início de carreira que aceitam ganhar bem menos. Não seria exagero falar em etarismo.
Entre os sacrificados estão Marcelo Canellas, Francisco José, Isabela Assumpção, José Raimundo, Monica Sanches e Fernando Rêgo Barros.
Senta que lá vem história
Enquanto pesquisas mostram que os usuários estão cada vez mais desinteressados em consumir conteúdo longo devido à cultura do imediatismo, projetos como o ‘Quatro+’ insistem na importância de relatos com riqueza de detalhes.
Sim, há público interessado em ouvir histórias com começo, meio e fim costuradas por depoimentos e comentários.
O desafio de quem produz este formato é atingir as métricas para conseguir a monetização das plataformas digitais e atrair marcas interessadas em patrocinar ou vincular anúncios. Afinal, produzir com qualidade custa caro.