O festival The Town 2025, realizado neste domingo, 7, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, foi palco não só de música, mas também de manifestações políticas. As bandas Capital Inicial e CPM 22 aproveitaram suas apresentações para criticar a chamada PEC da Impunidade e fazer alertas sobre a atual situação política e democrática do Brasil.
No início da tarde, Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, interrompeu o setlist da banda para introduzir o clássico "Que País É Esse?" com um discurso contundente. "Essa música é sobre a violência, a pobreza, a desigualdade. E sobre a PEC da Impunidade que estão tentando aprovar no Congresso. Os nobres deputados engravatados... É uma música sobre a distopia brasileira", declarou, sendo ovacionado pela multidão.
A PEC da Impunidade, como vem sendo chamada por críticos, visa modificar regras sobre a imunidade parlamentar e foi recentemente reintroduzida no debate político pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A proposta é vista por diversos setores da sociedade civil como uma ameaça à responsabilização de políticos por atos ilegais.
Já no show da banda CPM 22, o vocalista Badauí também deu voz à indignação popular. Ao notar os gritos de "Sem anistia" vindos da plateia, ele reagiu: "A voz do povo tem poder! O mundo dá voltas!", antes de iniciar a música de mesmo nome. Em outro momento, Badauí disse: "Esse é o dia mais punk rock do festival. O punk me ensinou a lutar por justiça social. A gente quer uma democracia sólida, mas hoje ela está muito frágil."
Ambas as falas chamaram atenção não apenas pelo conteúdo político, mas por reforçarem o papel histórico do rock brasileiro como canal de expressão social. A crítica à PEC da Impunidade apareceu de forma direta e foi mencionada por Dinho mais de uma vez. Já Badauí ressaltou o papel do público como resistência contra retrocessos e perseguições políticas.
Em tempos de tensão entre os poderes e de julgamento de figuras centrais da política nacional, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, as manifestações dos artistas ecoaram o sentimento de parte da sociedade que vê na proposta de anistia uma ameaça à responsabilização e à justiça.
Além disso, as falas reforçam que a cultura e os grandes festivais, como o The Town, continuam sendo arenas de debate público e de defesa da democracia, palavra que também esteve entre as mais citadas no evento.