Setembro Amarelo: Instrumento musical é aliado no combate à depressão

Composições do rock e heavy metal brasileiro abordam o tema e mostram a importância dos cuidados com o psicológico e a psique humana

29 set 2023 - 10h56
Foto: Divulgação

O (importante) texto para a coluna é do camarada Thiago Rahal Mauro

Setembro Amarelo é um mês dedicado à conscientização sobre a saúde mental e à prevenção do suicídio. Neste contexto, é preciso reconhecer a importância da saúde mental na vida de todos, incluindo músicos, cujas vidas podem ser particularmente desafiadoras devido ao estilo de vida muitas vezes imprevisível e estressante que ela implica. Aprender um instrumento pode ser crucial para a melhora de adolescentes em comportamento social. A relação entre os músicos e a sua própria saúde mental é complexa e vem desde a base. Muitas famílias usam do artifício das aulas para ajudar na socialização de crianças e adolescentes.

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“Tocar um instrumento e fazer música contribui muito com a saúde mental em vários aspectos como: Diversão, lazer, distração e socialização. Mas, um destes aspectos que eu considero mais importante é o senso de realização. Evoluir no instrumento faz com que você consiga, além de se realizar, começar a criar um novo meio de se comunicar e conectar com as pessoas e o mundo. Se desafiar a aprender uma coisa nova a cada dia são grandes benefícios no combate à depressão. Então, você começa através de sua música e de seu instrumento, colocar para fora vários sentimentos e pensamentos, que você antes não conseguia. Muitas vezes, a comunicação musical é mais compreendida, do que a tradicional. Esse senso de realização, na minha opinião, acaba contribuindo muito para a saúde mental e qualidade de vida”, explicou Fernando Quesada, baixista e sócio diretor da maior rede de escolas de música do mundo, a School of Rock.

Segundo as últimas estimativas disponíveis e divulgadas pela Unicef (fonte: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/impacto-da-covid-19-na-saude-mental-de-criancas-adolescentes-e-jovens), calcula-se que, globalmente, mais de um em cada sete meninos e meninas com idade entre 10 e 19 anos viva com algum transtorno mental diagnosticado. Quase 46 mil adolescentes morrem por suicídio a cada ano, uma das cinco principais causas de morte nessa faixa etária.

Enquanto isso, persistem grandes lacunas entre as necessidades de saúde mental e o financiamento de políticas voltadas a essa área. O relatório constata que apenas cerca de 2% dos orçamentos governamentais de saúde são alocados para gastos com saúde mental em todo o mundo. A música, ao longo da história, sempre desempenhou um papel fundamental na expressão de emoções e no alívio do estresse. Crianças e adolescentes estão apresentando sintomas de ansiedade e depressão mais cedo e com uma duração mais prolongada do que há dez anos. Isso é o que revela um estudo inédito que avaliou a mudança geracional dos transtornos mentais, recém-publicado no The Lancet (Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215-0366(23)00175-X/fulltext) e conduzido pelas universidades de Cardiff, Edimburgo e Bristol, no Reino Unido. Expressão Emocional Um dos aspectos mais significativos da música é a sua capacidade de expressar emoções. Através de um instrumento musical, as pessoas podem canalizar seus sentimentos, liberando tensões e ansiedades que podem levar à depressão. O ato de tocar um instrumento proporciona um meio saudável de lidar com essas emoções, permitindo que os indivíduos se conectem consigo mesmos de maneira profunda.

É importante reconhecer e apoiar a saúde mental dos artistas. Isso inclui a oferta de recursos de saúde mental acessíveis, apoio emocional e a promoção de um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar mental. Muitas organizações e artistas já estão fazendo esforços nesse sentido, usando sua influência para aumentar a conscientização sobre a importância do autocuidado e do acesso a recursos de saúde mental.

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“O suicidio é um problema mundial. Precisamos entender que ninguém escolhe estar deprimido ou qualquer coisa parecida. Correr é algo que me faz muito bem. Eu compus várias músicas sobre o tema, por ter tido o caso do meu pai, que infelizmente se suicidou. A música Grey, que tem participação de Arnel Pineda, do Journey, fala sobre saúde mental. Não podemos deixar esse assunto para trás, é preciso abordar cada vez mais. Então, acho que passou da hora de colocarmos mais atenção nesse tema”, conta Alírio Netto, vocalista do Queen Extravaganza e atualmente em carreira solo.

Comunicação e Conexão Social

A música é uma linguagem universal que conecta as pessoas em níveis profundos. Ao aprender um instrumento, os indivíduos têm a oportunidade de participar de grupos musicais, bandas ou orquestras, o que promove a socialização e a construção de relacionamentos saudáveis. Essa conexão social é fundamental para o bem-estar emocional e pode ajudar a combater a solidão e o isolamento, fatores que frequentemente contribuem para a depressão.

“O disco Aurora Consurgens, do Angra, disserta sobre as patologias psiquiátricas e a dificuldade de se manter com saúde mental no mundo de hoje. Há que se manter o pé no chão e uma conexão com a realidade ao redor. A maioria do que buscamos está na internet, as referências de comportamento, os amores, oportunidades de trabalho; a internet passou a ser o ambiente que frequentamos. Porém a felicidade vem do que vivenciamos na suposta 'vida real'. Ego Painted Grey é minha escolhida para ilustrar o assunto e aborda a depressão em vários níveis”, conta Rafael Bittencourt, guitarrista e vocalista do Angra.

“É importante criar esta conexão com a realidade física ao nosso redor, das pessoas próximas e dos ambientes. E então, fazer um esforço para compreender que a realidade física pode não parecer tão interessante quanto a realidade virtual. E isso faz nossa vida parecer sem graça. Outra coisa importante é que as pessoas criam muita expectativa e se frustram quando deparamos com a realidade dos eventos. O desafio para os músicos e artistas manterem sua saúde mental é semelhante ao das outras pessoas, com a diferença de que precisamos distanciar a imagens do que realmente somos e como nos vemos da imagem idealizada e positivada pelos admiradores e por nós mesmos nas mídias sociais. É preciso maturidade para entender e aceitar que não somos o que vendemos para os outros. A internet é como um rio do qual extraímos o sustento para para nossas famílias, mas é crucial sabermos que não somos peixes e que esta água não é o nosso verdadeiro habitat”, completa Bittencourt.

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Aprendizado Contínuo e Realização Pessoal

O processo de aprendizado de um instrumento musical é contínuo e desafiador, o que permite que os músicos estabeleçam metas, superem obstáculos e experimentem um senso de realização pessoal à medida que progridem em suas habilidades musicais. Isso pode ser particularmente significativo para pessoas que enfrentam a depressão, pois oferece um propósito e um sentimento de conquista. Em resumo, o aprendizado de um instrumento musical pode ser uma ferramenta valiosa no combate à depressão e na promoção da saúde mental. Ao expressar emoções, desenvolver habilidades cognitivas, estabelecer conexões sociais, liberar substâncias químicas de bem-estar e alcançar realizações pessoais, a música se revela como um aliado poderoso na jornada em direção ao equilíbrio emocional e à superação de desafios mentais.

Neste Setembro Amarelo, considerar o aprendizado de um instrumento musical pode ser uma escolha transformadora para aqueles que buscam fortalecer sua saúde mental e emocional.

Sobre a School of Rock 

A School of Rock é a maior e mais renomada escola de música do mundo, com franquias em diversos países e dezenas de milhares de músicos em suas aulas, workshops, acampamentos e programas de performance todos os dias. Os membros da nossa direção combinam o conhecimento em negócios com a paixão pela música e o desejo de ajudar jovens a se tornarem músicos.

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