Uma das revelações mais chocantes da investigação contra o influenciador Hytalo Santos é que adolescentes que viviam em sua mansão, em João Pessoa (PB), só podiam se alimentar quando ele acordava e autorizava. Ex-funcionários ouvidos pelo Fantástico , da Globo, descreveram um cotidiano marcado por controle absoluto: os jovens não tinham liberdade para comer, dormir ou sequer usar o celular sem o aval de Hytalo.
Essa prática, apontada em depoimentos entregues ao Ministério Público do Trabalho da Paraíba e à Polícia Civil, reforça a imagem de um ambiente de exploração e abuso. A residência funcionava como um "reality show", no qual adolescentes eram filmados em coreografias sensuais e festas, conteúdos que garantiam altos lucros ao influenciador por meio de publicidade e rifas. Em entrevista exclusiva ao Domingo Espetacular, uma das primeiras adolescentes a aparecer nos vídeos confirmou que a pressão psicológica era constante, mesmo quando negava ter sofrido exploração.
Segundo os relatos obtidos pelo Fantástico, festas eram frequentes, com bebida alcoólica liberada para menores. A higiene da casa era precária e uma jovem chegou a engravidar durante o período em que viveu na mansão, mas perdeu o bebê. A rotina escolar também era afetada: alguns adolescentes passavam até 50 dias sem frequentar a escola para acompanhar as viagens de gravação.
Além disso, pais dos adolescentes recebiam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por mês para permitir que os filhos morassem com Hytalo, prática que o Ministério Público considera parte de um esquema de exploração. O casal foi preso em São Paulo, acusado de tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho forçado.
O que dizem a adolescente e os pais sobre a rotina de controle?
Em entrevista ao Domingo Espetacular, uma adolescente disse ver Hytalo como protetor e negou exploração, enquanto ex-funcionários relataram o contrário ao Fantástico. Os pais se dividiram: o pai demonstrou preocupação e buscou ajuda do Conselho Tutelar, já a mãe apoiava o sonho da filha. As contradições mostram como a imagem de cuidado escondia um regime de dominação, no qual até a comida era usada como ferramenta de controle.
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