Grávida pela primeira vez, Camila Queiroz vive um dos momentos mais mágicos de sua vida ao lado do marido Klebber Toledo. Porém, o que poucos sabem é que a atriz convive com uma síndrome há anos: a Síndrome de Impostor.
Em uma entrevista recente, a ex-Angel revelou que ainda lida com inseguranças mesmo após anos de sucesso na televisão. A atriz contou que por vezes sente que "não merece" o reconhecimento que recebe, um tipo de sentimento comum entre pessoas que sofrem com a condição.
O que é a Síndrome de Impostor?
Segundo a Dra. Leninha Wagner, PhD em Neurociências e fundadora da Substância Singular Psicologia Clínica, a Síndrome do Impostor é uma experiência íntima e silenciosa em que a pessoa, mesmo diante de provas claras de competência, sente-se uma farsa. "É como se o sucesso pertencesse a um acaso generoso, e não a ela. Por dentro, habita um medo constante de ser descoberta, de que, a qualquer momento, alguém perceba que 'ela não é tudo isso'", explica.
A especialista ressalta que esse fenômeno aparece com frequência em pessoas extremamente dedicadas, criativas e sensíveis. "São mentes que pensam demais e sentem demais, captando os detalhes do mundo e, paradoxalmente, usando essa lucidez contra si mesmas", completa.
Sintomas
Entre os sintomas mais comuns estão pensamentos automáticos e sabotadores. "Ela se infiltra em pensamentos sutis: 'devo ter dado sorte', 'qualquer um faria melhor', 'não sou boa o bastante'. Pequenas frases que, repetidas, vão moldando um modo de existir", afirma.
Dra. Leninha também destaca que há um padrão curioso: quanto mais a pessoa conquista, mais o vazio se aprofunda. "O cérebro, condicionado a buscar ameaças, interpreta cada nova oportunidade como risco. É uma espécie de alarme interno disparando o tempo todo, não contra o fracasso real, mas contra a possibilidade imaginária de não merecer o sucesso."
Impacto na gravidez
No caso de Camila, que vive a fase da gestação, esse processo pode ser ainda mais intenso. "Durante a gestação, corpo e mente vivem uma revolução. A mulher se vê diante de uma nova identidade em formação e toda identidade nova passa, inevitavelmente, por incertezas. Nesse cenário, a Síndrome do Impostor pode se intensificar", aponta a doutora.
Ela explica que a sensação de "não estar pronta" ou "não merecer" pode gerar ansiedade, insegurança e sobrecarga emocional. "O organismo responde a essas emoções com o que sabe fazer: ajusta hormônios, acelera o pulso, muda o padrão de sono e apetite."
Apesar disso, a neurocientista reforça que há caminhos possíveis para suavizar o impacto emocional. "Quando a mulher se permite sentir, sem precisar se provar o tempo todo, o sistema inteiro relaxa. O corpo encontra o ritmo da confiança, e a mente aprende a existir com mais ternura", diz.
Para ela, a gestação é uma travessia entre o biológico e o simbólico. "Trabalhar o impostor interno durante esse período não é apenas cuidar da mente; é preparar o terreno afetivo em que um novo ser vai germinar."
Encerrando, Dra. Leninha Wagner resume: "A Síndrome do Impostor, em última instância, é um conflito entre merecimento e medo. E o antídoto não está em 'fazer mais', mas em reconhecer o valor do que já é. Quando o olhar se torna mais gentil, o impostor perde força e o espaço interno, antes ocupado pela dúvida, se abre para algo essencial: pertencimento."