Fernando Scherer, ex-nadador medalhista olímpico, compartilhou sua superação do vício em conteúdo adulto, destacando os impactos negativos na saúde mental e relacionamentos, e a transformação ao focar no autoconhecimento e em hábitos mais saudáveis.
O ex-nadador Fernando Scherer, de 50 anos, relembrou nos últimos dias como se livrou do vício em conteúdo adulto. Segundo ele, teve contato com esse tipo de material na juventude e, como era considerado algo comum, não enxergava a questão como prejudicial.
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Entretanto, após passar por um período de depressão, ele repensou alguns aspectos da própria vida, como a ingestão de álcool e o consumo frequente de filmes adultos.
“A depressão não existe mais na minha vida [... e o vício em pornografia] foi um dos mais difíceis de largar”, disse em entrevista à revista GQ Brasil.
Medalhista de bronze em Atlanta 1996 e Sydney 2000, Scherer conta que o vício em filmes adultos já era uma questão quando buscou tratamento para a depressão em 2008.
“Aquilo era socialmente aceito [conteúdo adulto], então eu não tinha conhecimento [de que era algo ruim]. Tem toda uma cultura da venda disso, de erotizar a mulher em todos os sentidos, e fica parecendo natural. Não é natural.”
A questão foi se tornando um problema quando começou a afetar sua vida amorosa. “Falo sobre mim: hoje, com muito conhecimento, percebi que meu corpo foi acostumado à dopamina”, afirmou ele, referindo-se ao hormônio do prazer e da recompensa.
“A dopamina que a pornografia gerava chegava a ser maior às vezes do que o próprio sexo. Quando você treina o teu cérebro a ter o gozo momentâneo, você perde o prazer do antes e do depois. Perde todo o contexto da relação: a conexão, o amor em dois, a troca, o companheirismo, o olhar, a sintonia.”
Depois de controlar o vício em conteúdo adulto, Fernando Scherer passou a substituir a compulsão por algo mais saudável: compreender seus sentimentos.
“Se viesse aquela necessidade de me masturbar com pornografia e eu entendesse que não era uma escravidão naquele momento, não teria problema. A pergunta que sempre faço é: precisa para quê? O que você está sentindo? Tem uma falta aqui hoje? Pô, não tem. Então por que agora, sozinho? É para descarregar uma energia, um estresse, uma ansiedade? E quando começo a questionar, a mente já está em outro lugar. Não preciso mais, já passou.”
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o vício em pornografia como uma questão de saúde mental. No site, a entidade detalha o tratamento como um processo que envolve o uso de recursos psicoterapêuticos e, em alguns casos, medicamentosos, com o objetivo de ajudar a pessoa a controlar os impulsos --sempre com acompanhamento de um terapeuta.