O show de Ana Carolina realizado no evento Natal Encantado, em Feira de Santana, na Bahia, no último domingo (21), acabou ganhando repercussão nacional por um motivo bem diferente da música. A cantora passou a ser duramente criticada nas redes sociais após vir à tona a informação de que a produção do espetáculo teria impedido a intérprete de Libras Julia Alves de permanecer no palco durante a apresentação.
Segundo a coluna de Fábia Oliveira, a profissional acabou sendo realocada para um espaço improvisado, com visibilidade comprometida para o público surdo, o que gerou indignação imediata. Um vídeo divulgado pelo perfil Feira 24 Horas no Instagram mostra a intérprete posicionada sobre uma estrutura semelhante a um cavalete, enquanto, de acordo com a página, em todas as outras atrações do evento os intérpretes permaneceram no palco normalmente. A situação provocou revolta entre os presentes e internautas, que passaram a cobrar explicações da organização e da artista.
Nos comentários, as críticas se multiplicaram. "Extremamente revoltante e inaceitável. Uma enorme falta de respeito. Estive no show e fui embora logo em seguida. Negar a presença das intérpretes no palco é desrespeitar a comunidade surda e desvalorizar o trabalho dos profissionais intérpretes de Libras", escreveu um usuário. Outros ironizaram a cantora, enquanto parte do público classificou o episódio como mais um desgaste na imagem da artista. A repercussão foi tamanha que a Associação de Surdos de Feira de Santana (ASFS) decidiu se manifestar oficialmente sobre o ocorrido.
O que diz a nota de repúdio e por que o caso é tão grave?
Diante do episódio, a ASFS emitiu uma nota de repúdio contundente, compartilhada pela própria intérprete em suas redes sociais. No comunicado, a entidade afirma: "A Associação de Surdos de Feira de Santana (ASFS), por intermédio de sua assessoria jurídica, vem a público manifestar seu veemente repúdio ao grave cerceamento de acessibilidade ocorrido durante o show da cantora Ana Carolina, no evento Natal Encantado, na noite de 21 de dezembro de 2025, em Feira de Santana-BA".
A associação reforça que "a estética cenográfica jamais deve sobrepor-se à acessibilidade comunicacional" e destaca que a realocação das intérpretes para locais de baixa visibilidade viola diretamente a Lei Brasileira de Inclusão. Ainda segundo a nota, "a acessibilidade não é um acessório opcional, mas um direito inalienável", e medidas legais já estão sendo adotadas para apurar responsabilidades. O caso reacende um debate essencial: não existe inclusão quando o acesso não é garantido para todos.
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