"Tron: Ares" arrecadou US$ 60 milhões no primeiro fim de semana, considerado um fracasso diante de altos custos de produção e expectativa desproporcional, refletindo a necessidade de rever modelos de investimento em Hollywood.
O desempenho de "Tron: Ares" no seu primeiro fim de semana, com cerca de 60 milhões de dólares arrecadados globalmente, está sendo visto como um fracasso, mas essa análise merece ponderação. A franquia Tron, desde seu início, nunca foi um fenômeno de apelo popular como as gigantes do entretenimento, sempre orbitando um nicho fiel, mas restrito. Esperar que esse novo capítulo, mesmo com altos investimentos, atinja cifras de blockbusters mais amplos, é desproporcional com a relevância da marca.
O que revela o tamanho do problema é menos o desempenho do filme e mais o padrão inflacionado dos custos de produção em Hollywood. O orçamento de “Tron: Ares” gravita em torno de 180 milhões de dólares, sem somar o marketing, criando uma armadilha perversa: um filme que seria um sucesso em contextos anteriores agora precisa superar expectativas irreais para se pagar.
O resultado é que até uma renda de 60 milhões em três dias passa a ser sinônimo de desastre, contexto que se repete com cada vez mais filmes tidos como “blockbusters”.
Esse ciclo só será rompido com a revisão dos modelos de investimento dos estúdios. Voltar a equilibrar orçamento, expectativas e o tamanho real das franquias é essencial.
Apostar em criatividade, novidades e em estratégias menos arriscadas pode permitir que filmes com desempenho sólido — mas não avassalador — voltem a ser celebrados, e não vistos como fracassos injustos.
(*) Rodrigo James é jornalista, criador de conteúdo e publica semanalmente a newsletter MALA com notícias, críticas e pensatas sobre cultura pop e entretenimento.