A resistência e a diversidade cultural dos povos originários brasileiros são celebrados neste 19 de abril.
Criada como Dia do Índio, durante o Estado Novo, em 1943, a data passou a se chamar Dia dos Povos Indígenas com a promulgação da Lei 14.402, de 2022, após mudança que buscou reafirmar a luta dos povos originários pela sobrevivência desde a colonização até os genocídios atuais.
Para celebrar a data, a distribuidora Embaúba Filmes anunciou, recentemente, o lançamento de três títulos que chegam aos cinemas, ao longo de 2024, e levam o público a refletir sobre a temática, a partir de perspectivas diferentes.
Cada um dos longas a seguir tenta construir imagens que fogem ao senso comum dos documentários clássicos sobre os povos indígenas, contrariando o olhar tradicional das produções que contribuíram para o reforço de estereótipos que tratam os povos originários de forma exótica.
Dia dos Povos Indígenas no cinema
O ESTRANHO
Estreia em 20/06
Esse filme de Flora Dias e Juruna Mallon traz o Aeroporto de Guarulhos como protagonista da trama.
Construído em um território indígena, a história do terminal se entrelaça com a de seus trabalhadores e das pessoas que vivem e circulam pelo município de Guarulhos, na Grande São Paulo, evocando a ancestralidade do território e dos sujeitos que ocupam seus espaços na atualidade.
O longa lança seu olhar não sobre aqueles que passam, mas sobre o que ali permanece, seguindo personagens cujas vidas se cruzam no dia a dia do trabalho neste chão, como Alê, uma funcionária de pista cuja história familiar foi sobreposta pela construção do aeroporto.
A FLOR DO BURITI
Estreia em 04/07
O longa de João Salaviza e Renée Nader Messora é uma ficção de uma história real da comunidade Krahô, no Tocantins.
A obra, que tem indígenas no elenco, apresenta uma história de resistência do povo Krahô, teve a sua première no Festival de Cannes de 2023 e foi premiado com o Prix d'ensemble (Melhor Equipe) da sessão Un Certain Regard (Um Certo Olhar).
Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia, um prenúncio de um brutal massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, os filhos dos sobreviventes são coagidos a integrar uma unidade militar, durante a Ditadura brasileira.
E, hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô continuam a caminhar sobre a sua terra sangrada, reinventando a cada dia infinitas formas de resistência.
A INVENÇÃO DO OUTRO
Previsão de estreia no segundo semestre de 2024
Premiado em cinco categorias no Festival de Brasília, em 2022, esse longa de Bruno Jorge se destaca pela sua meticulosa abordagem na captura de uma expedição da Funai para tentar contato com os isolados indígenas da etnia Korubo, no Vale do Javari.
A produção mostra o contato de indígenas com não-indígenas, pensando nas formas de representação que o cinema pode oferecer de "um outro", na maior expedição das últimas décadas na Amazônia, em 2019.