Adriane Galisteu conheceu Ayrton Senna aos 19 anos, enquanto trabalhava como modelo no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. A partir dali, os dois iniciaram um relacionamento que durou um ano e meio, interrompido pela morte precoce do piloto de Fórmula 1 aos 34 anos, em um acidente durante o Circuito de Ímola, na Itália, em 1994. A história de amor de ambos agora será retratada na série documental Meu Ayrton por Adriane Galisteu, da HBO Max, que estreia mundialmente nesta quinta-feira, 6, um relato que, segundo ela, só poderia ser contado por quem viveu ao lado dele.
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"A gente tem a obrigação de manter a imagem do Ayrton viva. Todo mundo sabe que ele era um herói nas pistas. Isso já foi retratado em livros, em documentários, em filmes. Todas essas histórias são válidas e merecidas, mas ninguém tratou Ayrton como um herói sem capacete. Ele também era esse herói como homem. E, para contar essa história, tinha que ser eu. Porque eu estava no último ano e meio de vida dele, ao lado dele. Isso não tem como ser apagado. Essa história é muito minha", diz Galisteu em conversa com a imprensa nesta segunda-feira, 3.
A série documental contada pelo ponto de vista da apresentadora foi produzida após a estreia da minissérie Senna (2024), da Netflix, realizada com apoio da família do piloto e que causou polêmica por mal retratar o relacionamento do automobilista com Galisteu. A apresentadora, no entanto, frisa que o projeto não foi uma reação ao trabalho que já foi feito.
"Esse documentário não é para causar nenhuma polêmica, não é uma resposta. É apenas a minha história, é apenas o que eu vivi. Aqui, não conto nada do que ouvi, nada do que eu vi, só conto o que eu vivi. Jamais vou julgar o que você fizer comigo, porque isso diz muito mais sobre você do que sobre mim. Minha mãe me ensinou bem cedo que, para falar que o meu está certo, não preciso falar que o do outro está errado."
A comunicadora diz que inicialmente não quis fazer a série, mas foi incentivada pelo marido, o empresário Alexandre Iódice, que pontuou a importância dela contar a própria história. Galisteu também admite que pensou em desistir do projeto diversas vezes, já que revisitar as memórias do relacionamento com Senna e, sobretudo, da morte do piloto, foi um processo delicado.
"É muito profundo voltar a um lugar onde fui tão feliz e tão triste ao mesmo tempo. Vivi esses dois sentimentos profundamente. A felicidade extrema e a tristeza extrema. Trinta anos depois, contar essa história com a cabeça que eu tenho hoje, como a mulher em que eu transformei, voltar para esse lugar é dolorido demais."
Para a apresentadora, voltar revisitar o passado aos 52 anos foi algo positivo, pois conseguiu compreender melhor as atitudes que teve aos 19 anos. Ao fazer isso, ela procurou colocar a Galisteu do passado no colo e não a julgá-la. "Não é justo olhar para trás e falar o que faria de diferente. Jamais me maltrataria a esse nível. Mas fiz tudo o que pude na época e achava que estava fazendo tudo muito certo."
Na série, Galisteu diz que procurou contar a história de Ayrton Senna como o público ainda não viu, com depoimentos de pessoas que eram próximas da lenda do automobilismo, mas que não haviam tido destaque na mídia até então. Outro ponto novo será mostrar como era a vida a dois com o piloto.
"A gente se divertia, era um relacionamento leve, era uma vida muito diferente do que as pessoas imaginavam. Sei o quanto a gente se divertiu e sei depois o quanto tive que aprender com a minha dor", conclui.