Empregos ligados à IA aumentam 261%, mas habilidades humanas ainda são necessárias

Relatório da PWC constata um aumento nas habilidades dos colaboradores, cujos cargos possuem maior grau de exposição à IA

14 jul 2025 - 05h59
Resumo
Empregos ligados à inteligência artificial cresceram 261% desde 2021, mas habilidades humanas como empatia, criatividade e pensamento crítico permanecem insubstituíveis e fundamentais no mercado de trabalho.
Vinicius Walsh
Vinicius Walsh
Foto: Rellicarium Atelier

Desde o surgimento do ChatGPT (OpenAI) até o mais novo lançamento do Veo3 (Google), o mercado de trabalho tem passado por uma ressignificação profunda de carreiras e habilidades na Era da IA. O fato é ilustrado através do relatório ‘The Fearless Future: 2025 Global AI Jobs Barometer’, da PWC, em que foi constatado um aumento de 135% nas habilidades dos colaboradores cujos cargos possuíam maior grau de exposição à inteligência artificial. 

Isso significa que a mão de obra não está apenas mais qualificada, mas também simpatizante ao fenômeno da transição de carreira. A partir da capacitação tecnológica, as Gerações Z, Y e X têm remodelado seus currículos e visto o mesmo acontecer com as organizações. O levantamento da PWC segue mostrando que tal fenômeno não se restringiu apenas aos colaboradores, já que o crescimento dos postos de trabalho relacionados a IA no Brasil é evidente nos setores de agricultura, mineração e extração, lazer e cultura, transporte e armazenamento, energia e abastecimento de água.

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No entanto, as transformações no mercado de trabalho não se limitaram às inteligências artificiais. As recentes tensões geopolíticas no Oriente Médio e Europa escancararam a necessidade das habilidades humanas nos currículos, tendo em vista o cenário de incertezas. É por isso que a World Economic Forum (WEF), através do relatório ‘The Future of Jobs Report 2025’, destaca o aumento da demanda por habilidades centradas no ser humano, como resiliência, flexibilidade e agilidade, liderança e influência social, em paralelo à requalificação tecnológica. 

A nova força de trabalho global, portanto, deve ficar atenta a transformação dos modelos de negócios, que alcançarão 34% das organizações até 2030, ainda de acordo com a WEF. É nesse cenário que o especialista em transição de carreira e diretor da Transite, Vinicius Walsh, destaca o foco na empatia,  criatividade e capacitação tecnológica como forças motrizes do novo mercado.

“Até 2030, habilidades como ‘empatia’ e ‘criatividade’, sem abrir mão do desenvolvimento tecnológico pessoal, serão diferenciais poderosos do mercado de trabalho. A empatia é o que nos permite entender as necessidades reais do público-alvo, e isso faz uma diferença imensurável para uma gama de profissionais. Nenhuma IA consegue replicar, com precisão, o contexto emocional ou cultural de um cliente, ainda que se utilize de GenIAs (IAs Generativas). A criatividade, por outro lado, é atrelar essa proximidade real com a capacidade de gerar ideias, adaptar conceitos e encontrar soluções inesperadas. A mão de obra das novas gerações serão inseridas no mercado sabendo que precisarão ir além de atender ‘requisitos técnicos’. São as qualidades humanas que, portanto, protegerão as carreiras e as impulsionarão, pois agregam valor real às marcas. Valores que uma IA jamais poderá substituir na força de trabalho humana", explica. 

Vinicius afirma que as ‘transições de carreira’ auxiliarão profissionais a ressignificar atividades mecânicas, reduzindo o tempo médio das operações junto a GenIAs e chatbots. As habilidades humanas, segundo o profissional, serão justamente essa “ponte” para a geração de insights, a partir da automação dos trabalhos. Mais perto do que nunca da realidade, a PWC mostra que esse número de empregos expostos a IA Generativa já cresceu em 261%, desde o ano de 2021. 

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O diretor da Transite revela que a difusão alarmante da IA como ‘ameaça ao trabalho’ foca no que será automatizado, mas esquece da quantidade de empregos que surgirão ou que serão ressignificados e impulsionados, nessa primeira etapa, até 2030. “Para quem está receoso do futuro do trabalho, as expectativas é que nos próximos cinco anos, ocorra um crescimento significativo nos setores da economia assistencial, impulsionando a carreira de profissionais de enfermagem, assistentes sociais, conselheiros, auxiliares de cuidados pessoais e até na área da educação. Isso sem mencionar os trabalhadores rurais, entregadores ou profissionais da construção civil. Já vivemos na ‘era das inteligências artificiais’, e é por isso que tais ferramentas são melhores quando complementam e potencializam as habilidades humanas. O foco, portanto, é o que nos diferencia para gerar valor no futuro do trabalho”, aconselha. 

Para o profissional, as habilidades humanas se tornaram ainda mais valiosas no ‘novo mercado’, já que se distinguem das máquinas por não serem replicadas ou automatizadas com exatidão. O especialista em transição de carreiras explica que as competências primordiais como empatia, criatividade, comunicação interpessoal, pensamento crítico e a capacidade de lidar com ambiguidades são habilidades que geram valor às marcas, visto que as ferramentas mecânicas já ocuparam seus espaços nos postos de trabalho. 

"O foco agora é na preparação, pela forma como educamos e estimulamos essas habilidades. Precisamos incentivar desde cedo o pensamento crítico, a curiosidade e a experimentação. Isso significa valorizar atividades que vão além do currículo tradicional e das tarefas mecânicas, já que a educação socioemocional tornou-se tão importante quanto as habilidades técnicas. Se desde cedo ajudamos as novas gerações a desenvolverem empatia, criatividade e flexibilidade, estaremos preparando profissionais capazes de prosperar em um mundo distante do que viveram os Baby Boomers, ou seja, cada vez mais automatizado", conclui. 

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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