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Investidores globais se voltam para IA chinesa diante de receio de bolha em Wall Street

23 dez 2025 - 15h21

Investidores globais estão aumentando apostas em empresas chinesas de inteligência artificial, buscando uma nova DeepSeek e diversificação diante das preocupações crescentes sobre a existência de uma bolha especulativa no setor em Wall Street.

A demanda por empresas de IA da China também está sendo estimulada pelo apoio de Pequim para a independência tecnológica. A China acelerou a listagem de fabricantes de chips, notadamente a Moore Threads, apelidada de "Nvidia da China", e a MetaX, que ‌estreou este mês.

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Os estrangeiros veem a China fechando a lacuna tecnológica com os EUA à medida que Pequim aumenta o apoio aos fabricantes de chips de IA locais, estimulando as apostas nas empresas chinesas, ao mesmo tempo ‌em que crescem as preocupações sobre bolha nos EUA.

A Ruffer, gestora de ativos sediada no Reino Unido, por exemplo, disse que tem uma "exposição deliberadamente limitada" às sete maiores empresas de tecnologia dos EUA - e está procurando adicionar posições no Alibaba, em busca de maior exposição ao desenvolvimento de IA na China.

"Embora os EUA continuem a ser os líderes em IA de ponta, a China está diminuindo rapidamente essa diferença", disse Gemma Cairns-Smith, especialista em investimentos da Ruffer. "O fosso pode não ser tão largo ou tão profundo como muitos pensam... O cenário competitivo está mudando."

A Ruffer está ampliando exposição ao tema da IA por meio de gigantes chineses da tecnologia, como a Alibaba, que ‍é proprietária do modelo de linguagem de grande porte Qwen e está investindo em infraestrutura de  computação em nuvem.

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Os gerentes de ativos globais estão cada vez mais de olho nas empresas chinesas de IA, à medida que uma onda de startups é listada no continente e em Hong Kong, buscando aproveitar o crescente apetite dos investidores após a ascensão meteórica da DeepSeek, a resposta da China ao ChatGPT.

GUERRA TECNOLÓGICA ESTIMULA DEMANDA

Em um relatório deste mês, o UBS Global Wealth Management classificou a tecnologia chinesa como "a mais atraente", citando a busca dos investidores por diversificação geográfica e o "forte apoio político, autossuficiência ‌tecnológica e rápida monetização da IA" da China.

A Nasdaq atualmente é negociada a 31 vezes o lucro das empresas listadas, em comparação com um múltiplo de ‌24 para a Hang Seng Tech de Hong Kong, que permite apostas em IA por meio de ações como Alibaba, Baidu, Tencent e SMIC.

Aproveitando o impulso, o consultor de investimentos norte-americano Rayliant ajudou a lançar um fundo listado na Nasdaq em setembro que dá aos investidores acesso às "versões chinesas de ações como Google, Meta, Tesla, Apple e OpenAI".

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O diretor de investimentos da KraneShares, Brendan Ahern, disse que a rápida ascensão de fabricantes chineses de chips de IA, como a Cambricon, demonstra a escala e a velocidade da inovação nos setores de IA e semicondutores da China.

"O elemento dessa narrativa de corrida, essa urgência, é benéfico para as empresas", disse ele, referindo-se à guerra tecnológica entre EUA e China. "É como gritar fogo, certo? Quando você faz disso uma emergência, você recebe muita atenção."

O fundo negociado em bolsa da KraneShares, denominado KWEB, que investe em ações chinesas listadas no exterior, incluindo Tencent, Alibaba e Baidu, aumentou em dois terços este ano, chegando a quase US$ 9 bilhões.

Outro ETF da KraneShares que investe em ações de tecnologia onshore da China, incluindo as fabricantes de chips Cambricon, Montage Technology e Advanced Micro-Fabrication Equipment, também cresceu este ano.

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Na corrida da IA, os EUA têm uma vantagem em inovação, enquanto a China tem vantagens em engenharia, fabricação e fornecimento de energia, disse Jason Hsu, fundador da Rayliant Global Advisors, sediada nos EUA.

A Rayliant fez uma parceria com a China Asset Management Co para lançar um ETF listado na Nasdaq que aposta em ações chinesas com tecnologias transformadoras, incluindo a Cambricon.

As restrições tecnológicas dos EUA "agora forçaram a China a injetar dinheiro em tecnologia pesada e a inventar do zero", disse Hsu. "Para os investidores, a estratégia prudente e sábia é capturar as oportunidades de IA e gerenciar a incerteza por meio da diversificação."

"IMPULSIONADA PELO HYPE"

A fabricante chinesa de chips de IA MetaX Integrated Circuits, fundada por ex-executivos da AMD, deu um salto de 700% em sua estreia no mercado de Xangai na semana passada, dias depois que a rival de maior porte Moore Threads estreou com valorização de 400%.

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Entretanto, alguns gerentes de fundos globais afirmam que o potencial tecnológico da China e os influxos estrangeiros continuam limitados.

"Nenhuma das empresas de chips listadas atualmente tem qualquer tipo de suporte de avaliação e são quase que totalmente impulsionadas pelo hype", disse Kamil Dimmich, sócio e gerente de portfólio da North of South Capital, sediada no ‌Reino Unido.

O fundo de Dimmich possui ações como Alibaba e Baidu, que investiram muito menos do que as empresas  norte-americanas no desenvolvimento de IA.

Carol Fong, presidente-executivo do grupo da CGS International Securities, disse que os investidores devem adicionar seletivamente empresas que se beneficiaram do impulso de "autossuficiência" da China nos setores de IA e semicondutores, mantendo os líderes globais em seu portfólio.

Há uma busca por "líderes em potencial nos segmentos de alta tecnologia, como robótica e IA, onde eles veem orientações políticas mais claras e valor relativo em comparação com as contrapartes ocidentais", disse Fong, que espera mais fluxos no futuro.

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Os investidores devem "equilibrar a exposição no atual ciclo de chips fragmentado e orientado pela geopolítica", disse ela.

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