O BTJunkie, um site popular de troca de arquivos digitais, anunciou nesta segunda-feira a suspensão voluntária de suas atividades, menos de três semanas depois do bloqueio do Megaupload em uma operação americana contra a pirataria de música, filmes e outros bens imateriais.
"Este é o fim da linha, meus amigos", anunciou o BTJunkie em uma mensagem curta, publicada na página principal do site, ao lado dos anos de início e fim das atividades: "2005-2012". "A decisão não é fácil, mas decidimos fechar voluntariamente", acrescentou o site, abrigado na Grã-Bretanha.
"Lutamos durante anos por seu direito a se comunicar, mas é hora de seguir adiante. Foi uma experiência de vida, desejamos tudo de melhor!", acrescentou.
O BTJunkie fornecia um motor de busca de arquivos Bit Torrent e foi um dos cinco melhores sites de downloads, com "dezenas de milhões de usuários ao mês", segundo o site TorrentFreak, que cobre notícias sobre a troca de arquivos.
O TorrentFreak citou, sem identificar, o fundador do BTJunkie, dizendo que a decisão de suspender as atividades se deveu, em parte, às recentes ações legais contra o Megaupload e o The Pirate Bay, que enfrenta ações legais na Europa.
O Megaupload foi bloqueado por autoridades americanas em 19 de janeiro e sete pessoas foram acusadas pelo que o Departamento de Justiça e o FBI descreveram como "um dos maiores casos criminosos contra direitos autorais combatidos pelos Estados Unidos".
Entenda o caso
As autoridades dos Estados Unidos, incluindo o FBI (polícia federal americana), tiraram o Megaupload e outros 18 sites afiliados do ar na noite do dia 19 de janeiro (horário de Brasília) por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial". O Megaupload teria causado mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. As autoridades norte-americanas consideram que por meio do site, que conta com 150 milhões de usuários registrados, e de outras páginas associadas, ingressaram cerca de US$ 175 milhões.
Em resposta ao fechamento do Megaupload, o grupo de hackers Anonymous bloqueou temporariamente o site do Departamento de Justiça, do FBI e o da produtora Universal Music, entre outros na noite de 19 de janeiro, horário de Brasília. De acordo com os hackers, foi o maior ataque já promovido pelo grupo, com mais de cinco mil pessoas ajudando.
No dia 20 de janeiro na Nova Zelândia, noite de 19 de janeiro no Brasil, a polícia neozelandesa realizou uma operação na qual confiscou dos detidos e do Megaupload bens avaliados em US$ 4,8 milhões, além de US$ 8 milhões depositados em contas abertas em diversos bancos do país. Nesta operação, Kim Schmitz, mais conhecido por Dotcom, fundador do Megaupload, e os outros três envolvidos, foram presos. Desde então, outros acusados de participar do negócio, alguns fugitivos, vêm sendo presos ao redor do mundo. Dotcom, que teve o pedido de fiança negado, está preso desde o dia 20 de janeiro na Nova Zelândia e deve permanecer até o dia 22 de fevereiro, quando termina o prazo do pedido de extradição para os Estados Unidos.
Megaupload Ltd., e outra empresa vinculada ao caso, a Vestor Ltd, foram indiciadas pela câmara de acusações do Estado da Virgínia (leste) por violação aos direitos autorais e também por tentativas de extorsão e lavagem de dinheiro, infrações penalizadas com 20 anos de prisão. Embora tenham participado da operação, as autoridades da Nova Zelândia não devem apresentar acusações formais contra o site.
O anúncio do fechamento do Megaupload ocorreu em meio a uma polêmica nos Estados Unidos sobre dois projetos de lei antipirataria, o Sopa (Stop Online Piracy Act), que corria na Câmara dos Representantes, e o Pipa (Protect Intelectual Property Act), que era debatido no Senado, contra as quais se manifestou, entre muitos outros, o site Wikipédia, interrompendo seu acesso no dia 18 de janeiro, e o Google mascarando seu logo. O protesto foi chamado de apagão ou blecaute pelos manifestantes.