A missão espacial japonesa que quer fazer faxina no espaço

A empresa Astroscale está desenvolvendo uma tecnologia para limpar o espaço, removendo detritos da órbita da Terra.

29 abr 2024 - 11h45
(atualizado às 13h06)
O segmento de foguete abandonado foi fotografado a cerca de 600 km acima da Terra
O segmento de foguete abandonado foi fotografado a cerca de 600 km acima da Terra
Foto: ASTROSCALE / BBC News Brasil

Um satélite operado pela empresa japonesa Astroscale foi atrás de uma sucata espacial de 15 anos — e tirou uma foto dela de perto.

Trata-se de um segmento de foguete descartado — ele mede cerca de 11 metros x 4 metros, e tem uma massa de três toneladas.

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É a primeira vez que se consegue chegar perto de um pedaço tão grande de lixo espacial.

A Astroscale está desenvolvendo uma tecnologia para limpar o espaço, removendo detritos da órbita da Terra.

Ela não vai fazer isso nesta ocasião: a missão atual consiste em testar os sensores e software necessários para operações de aproximação seguras. Mas uma tentativa dedicada a remover lixo espacial deve ocorrer nos próximos anos, afirma a empresa.

A questão dos detritos cósmicos e do uso sustentável do espaço está se tornando um tema cada vez mais relevante.

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Milhões de itens de detritos tecnológicos se acumularam desde o início da era espacial em 1957 — de lascas de tinta até segmentos de foguetes abandonados, como o que acabou de ser fotografado pela Astroscale.

O satélite de inspeção Adras-J vai passar as próximas semanas monitorando o segmento de foguete
Foto: ASTROSCALE / BBC News Brasil

Estes pedaços de metal e outros materiais errantes correm o risco de colidir e destruir os satélites em operação que usamos para nos comunicar e monitorar o planeta.

As estruturas dos foguetes são um perigo particular devido ao imenso volume.

O segmento registrado na nova imagem é proveniente do veículo de lançamento japonês H-IIA, que lançou uma espaçonave de medição de CO2 chamada Gosat, em 2009.

O segmento superior do foguete alçou a Gosat a uma altitude de aproximadamente 600 km.

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Mas enquanto os foguetes mais modernos garantem que todos os seus segmentos voltem à Terra logo após o voo, este estágio do H-IIA permaneceu lá em cima. E está longe de estar sozinho.

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) calculou que 2.220 corpos de foguetes ainda estão em órbita hoje.

Missões futuras vão usar braços robóticos para alcançar e capturar lixo espacial
Foto: ASTROSCALE / BBC News Brasil

A atual missão da Astroscale se chama Adras-J (acrônimo em inglês para Remoção Ativa de Detritos da Astroscale-Japão).

Ela está sendo conduzida por uma espaçonave lançada em 18 de fevereiro — e o satélite tem se aproximado da estrutura do foguete H-IIA desde então.

A Adras-J usou câmeras e algoritmos para fazer a aproximação final. É preciso muito cuidado para não esbarrar no segmento do foguete, que está girando lentamente de ponta a ponta.

A equipe da Astroscale no Reino Unido construiu o "segmento terrestre" para a missão, que é o sistema usado para se comunicar com a Adras-J. Eles também foram responsáveis por grande parte da "dinâmica de voo", que consiste basicamente na navegação precisa.

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As operações foram compartilhadas 24 horas por dia pelo Controle da Missão em Tóquio — e pela base britânica da empresa em Harwell, no condado de Oxfordshire, na Inglaterra.

O plano é passar as próximas semanas capturando mais imagens e coletando informações sobre o segmento do foguete, como a condição da estrutura, sua taxa de rotação e seu eixo de rotação.

A Adras-J vai tentar voar ao redor do corpo do foguete neste processo.

As futuras missões da Astroscale vão dar um passo além — e agarrar seu alvo com a ajuda de braços robóticos.

Imagem ilustrativa de como pode ter sido a cena, a partir da perspectiva do foguete, olhando para Adras-J
Foto: ASTROSCALE / BBC News Brasil

Nesta ocasião, a Adras-J vai se limitar a fazer um experimento no qual vai tentar diminuir a velocidade de rotação do segmento do foguete.

A atividade vai envolver o disparo de propulsores contra a estrutura na direção oposta ao seu movimento de rotação. A pressão da pluma (chama gerada pela queima de combustível) dos propulsores deve desacelerar a taxa de rotação.

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Várias empresas no mundo todo estão desenvolvendo tecnologias semelhantes à da Astroscale.

Especialistas dizem que, para evitar uma cascata de colisões em órbita, é imprescindível que os países que viajam pelo espaço comecem a remover parte desta sucata todos os anos.

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