Arte rupestre mostra que deserto do Saara já foi área "verde"

Figuras gravadas em cavernas no Sudão retratam gado, elefantes e girafas, além de barcos — indicações de que o Saara abrigou abundância de água e pastos

13 mai 2024 - 23h54
(atualizado em 14/5/2024 às 02h36)

Arte rupestre gravada nos desertos do Sudão mostram um passado verde e florido — mais importante, ela é datada de apenas 4.000 anos atrás, mostrando que o Deserto do Saara ainda era verdejante em épocas muito próximas, secando e se modificando muito rapidamente, em apenas alguns milênios.

Foto: Cooper et al./Journal of Egyptian Archaeology / Canaltech

O trabalho é dos arqueólogos da Universidade Macquarie, que descobriram 16 sítios arqueológicos com arte rupestre no Deserto de Atbai, no leste do Sudão. O local fica próximo da cidade de Wadi Halfa, na fronteira do país com o Egito, ao norte. Atualmente, quase não chove na região, e o clima é bastante árido.

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As artes nas cavernas representam humanos, antílopes, elefantes e girafas, mas, mais importante, gado — que não sobreviveria nas condições atuais. Para que o pastoralismo fosse possível, a vegetação e o clima teriam de ser mais verdejantes, o que aparentemente era a norma em 3.000 a.C. Algumas artes achadas no deserto mostram até mesmo barcos, indicando abundância de água.

Arte rupestre encontrada nas cavernas do deserto mostram até barcos, indicativos de que a região já foi repleta de água (Imagem: Cooper et al./Journal of Egyptian Archaeology)
Foto: Canaltech

As florestas do Saara

Segundo Julien Cooper, pesquisador que levou uma equipe de arqueólogos para as cavernas como parte do Projeto de Pesquisa Atbai, conta ter sido intrigante ver gado nas artes do deserto. Teria sido preciso muita água e pastagens extensas para criações como as mostradas nas gravuras rupestres.

Os desenhos se tornam, assim, evidências muito importantes de que o Saara já foi uma região verde e próspera. Entre 15.000 anos e 5.000 anos atrás, aproximadamente, a África recebia cada vez mais chuvas de monção por todo o continente. Isso era resultado de variações periódicas na órbita terrestre ao redor do sol.

O continente ficou cheio de pastagens e lagos de água doce, mas o fim das chuvas trouxe mudanças muito drásticas aos seus habitantes. Perdendo a população para o clima seco, a região de Wadi Halfa viu o gado ser trocado, pelos humanos restantes, por cabras e ovelhas. Isso mudou quase tudo na vida humana — de dieta a estoque de leite a padrões migratórios das famílias pastoreiras.

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Fonte: MacQuarie University, Journal of Egyptian Archaeology

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