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Entenda por que o veganismo popular apoia o MST 

O MST é um dos movimentos sociais mais potentes do Brasil e merece ser respeitado. Bom, bora lá!

18 mai 2023 - 11h19
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Foto: Vegano Periférico

É inviável propagar a popularização do veganismo sem alimentos saudáveis chegando na ponta com qualidade, variedade e preço acessível. Sem soberania e autonomia alimentar do povo brasileiro, o veganismo não passa de uma causa exclusiva de uma região privilegiada, baseado em produtinhos gourmetizados com selo de produto ético. 

Apesar de o MST não ter o veganismo como pauta, há uma convergência significativa, como por exemplo, na mudança do modelo de produção agrícola dominante, na redução do uso de agrotóxicos (danificam o solo, a saúde dos trabalhadores, consumidores e animais), na democratização do acesso à alimentação saudável e, sobretudo, na pauta da reforma agrária.

Do contrário de que muitos pensam, o próprio MST já abriu espaço para o debate sobre o Veganismo Popular dentro das suas mídias e canais de comunicação. Em 10 de novembro de 2021, a ativista Sandra Guimarães escreveu um texto intitulado 'MST e Veganismo Popular' que também aborda essa convergência de forma impecável.

Nós que lutamos pelo veganismo popular, acreditamos que a luta pela reforma agrária é a melhor forma de democratizar o acesso à alimentação de qualidade, saudável e a preço justo a todo brasileiro e brasileira.

Não faz o menor sentido debater a exploração animal e mudanças individuais numa sociedade com fome, sem acesso e sem autonomia. Sem contar que vamos priorizar nossa sobrevivência para depois nos preocuparmos com outras espécies, isso é normal.

Atualmente, temos um modelo agrícola dominante que é pautado na plantação de soja e milho, para exportação. Esse modelo visa o lucro, os ganhos de um pequeno grupo, não há uma preocupação em relação a produção de alimentos de verdade. E a maior parte das terras estão em posse da pecuária e desse modelo ultra-capitalista de produção agrícola.

Por exemplo, nos últimos 16 anos, a produção de arroz diminuiu 11% no Brasil. A de feijão caiu 21%. Ou seja, a produção de alimentos que chegam à mesa do povo está diminuindo, enquanto o agronegócio exportador e as monoculturas estão crescendo dia após dia. E como todos sabem, a baixa produção reflete no aumento do preço, que reflete no consumidor final, que sempre é o mais prejudicado.

Segundo o Mapa da Desigualdade, os maiores imóveis rurais (10%), ocupam 73% da área agrícola no Brasil, enquanto os restantes (90%) menores imóveis, ocupam apenas 27%. Os 10% maiores ocupam, em todo Brasil, mais de 50% da área. Em 6 estados e no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) os 10% maiores ocupam cerca de 70%.

Isso quer dizer que, milhares de trabalhadores do campo não têm sequer um pedaço de terra para plantar e comercializar sua produção, o que torna a democratização da produção de alimentos completamente inviável. Pois essas regiões são especializadas em commodities e não alimento para o mercado interno.

O MST não só é o maior produtor de arroz sem agrotóxico da América Latina, como também é um movimento muito bem estruturado, organizado e já conta com 160 cooperativas, 1900 associações e 450 mil famílias assentadas. Além do arroz, o MST planta em larga escala outros alimentos sem agrotóxico, como feijão, farinha, batata, mandioca, tomate, cenoura e café.

É um movimento alinhado às causas sociais mais emergentes e que estão na linha de frente contra grileiros, latifundiários, pecuaristas e mega fazendeiros. Ou seja, a luta do MST converge em muitos pontos com o Veganismo Popular.

Desde sua fundação, a tentativa de criminalização é recorrente. E não surpreende, pois é um movimento que confronta grandes interesses fundiários e monopolistas. Embora tentem criminalizá-lo, ele resiste, se fortalece a cada dia e mostra a sua importância diariamente.  Ao nosso ver, esse movimento é um dos mais importantes do Brasil.

É muito comum os preconceitos e ódio contra o Movimento Dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Pois há um trabalho muito bem feito pela mídia tradicional nesse sentido. Por isso, o senso comum, os amantes do agronegócio e políticos conservadores, criticam tanto o MST, alegando invasão de terras e apropriação indevida.

É impossível pensar em veganismo popular brasileiro sem pensar em comida de verdade acessível: frutas, legumes, arroz, feijão. E apoiar um movimento que está na linha de frente da agricultura familiar, é o caminho mais viável. O monopólio pecuarista prejudica a autonomia do povo de plantar, colher e comercializar alimentos básicos de forma local, regional e nacional.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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