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Ditinho da Congada mantém vivo valores do movimento folclórico, em São Bernardo do Campo

Agente cultural cria grupo que reúne 50 voluntários e pretende tornar a congada patrimônio cultural na região

29 jul 2023 - 05h00
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Ditinho da Congada participa de evento no Memorial da América Latina
Ditinho da Congada participa de evento no Memorial da América Latina
Foto: Andres Costa

Aposentado e agente cultural, Benedito da Silva Lemes, 71, é mais conhecido como Ditinho da Congada, e se tornou ao longo de décadas, um guardião do movimento folclórico em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.  

“A congada é uma cultura tradicional na minha família de gerações, atrai pessoas de todas as idades”, diz Ditinho, que começou a dançar aos 2 anos.  

Expressão cultural e religiosa que envolve canto e dança, a congada reúne em uma procissão tradições do Congo, na África, e foi trazida pelos escravos ao Brasil, a partir do século 18.  

Na família Lemes, há mais de 100 anos, a manifestação popular começou a ser cultuada pelos avós de Ditinho, na cidade de Cordislândia, no sul de Minas, e vem sendo repassada de geração para geração.  

Ditinho, morador do Parque São Bernardo, em São Bernardo do Campo, criou o grupo de congada com o mesmo nome do bairro, em 1981, com o irmão José Silva Lemes. Na época os dois eram adolescentes e contaram com o apoio do pai para formar o grupo. 

“Meu pai queria manter o congado por aqui, mesmo distante de Minas. Cheguei a pegar emprestado a percussão da escola de samba do bairro Baeta Neves. Nós começamos com 16 pessoas, dançando no corredor do quintal de casa. Os homens tocavam e minhas irmãs dançavam”, conta Ditinho. 

Ao longo dos anos, Ditinho adaptou as apresentações e personalizou a vestimenta do grupo. Os homens usam camisa branca, gravata e calça social; as mulheres vestem saia preta, blusa branca e também gravata.  

“Nós usamos uma farda, que é uma representação de luta do Carlos Magno [rei dos francos a partir de 768, no combate contra invasões mouras]. A roupa social faz uma diferença quando fazemos cortejos nas ruas ou apresentamos em evento”, explica. 

Atualmente, o grupo de congada Parque São Bernardo reúne 50 pessoas, a maioria da família do Ditinho. Todos participam de forma voluntária, as roupas e os instrumentos são emprestados.  

“As pessoas acham que a cultura folclórica tem que ser de graça, nós não temos recursos financeiros. Às vezes tiro do meu próprio bolso.” 

O agente cultural participa de editais culturais na região e pretende criar uma fundação para tornar a congada patrimônio cultural de São Bernardo.  

“A congada me tornou conhecido na cidade de São Bernardo. Fui metalúrgico, formei meus filhos. Ela ajudou muito na questão do trabalho social no meu bairro”, conta.

Para José da Silva Lemes, 59, técnico de edificações e irmão de Ditinho, a congada é algo de família e precisa ter uma hierarquia. Ele canta no grupo Parque São Bernardo desde o início e tem algumas composições. 

“Cantar nas ruas não é fácil, principalmente na congada, pois tem que ter a canção certa para cada momento. E levar o nome do nosso bairro é muito importante, é mostrar que tem coisa boa acontecendo aqui.”

Ditinho da Congada de calça azul falando após a coroação
Ditinho da Congada de calça azul falando após a coroação
Foto: Katia Flora/Agência Mural

Em julho, Ditinho da Congada participou da festa Tradicional de Cordislândia, em Minas, que reuniu 11 grupos de congados. Eles fizeram cortejos nas ruas da cidade com danças e cantos para Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. No fim da procissão, os congadeiros vão para a Igreja de São Sebastião fazer a coroação do rei e da rainha, para o próximo ano. 

Para Jaqueline Costa de Oliveira, 24, manicure prima do Ditinho, a manifestação folclórica tem memórias familiares. “Sempre gostei de ver meus tios e primos dançarem. É um momento incrível ver as pessoas acompanhando a gente, é contagiante”, diz a jovem, que participa dos eventos com a congada desde a infância. 

Agência Mural
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