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Preservation Hall é templo do jazz em Nova Orleans

Conheça a casa que preserva a tradição do gênero musical desde a década de 1950

30 abr 2024 - 15h09
(atualizado em 2/5/2024 às 11h45)
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Se antes a Bourbon Street era sinônimo de jazz em Nova Orleans, hoje ela concentra bares e casas noturnas onde se ouve de tudo, menos jazz. O endereço é certeiro para quem busca farra e por isso o público é composto principalmente por despedidas de solteiro, jovens que acabaram de completar 21 anos (a idade legal para beber no país) e outros grupos empunhando hand grenades - o drinque perigosamente doce, servido em copos de plástico de 45 centímetros, que mistura vodka, rum, gin e licor de melão.

A banda do Preservation Hall apresenta um repertório cheio de clássicos
A banda do Preservation Hall apresenta um repertório cheio de clássicos
Foto: //Divulgação / Viagem e Turismo

Mas em uma das ruas que corta a Bourbon Street, a St Peter Street, o Preservation Hall persevera como uma instituição musical dedicada ao jazz desde a década de 1950. Naquela época, vigoravam no sul dos Estados Unidos as leis de segregação de Jim Crow, que exigiam instalações separadas para brancos e negros em locais públicos. Mas o Preservation Hall era um dos poucos lugares frequentado por bandas e públicos racialmente integrados.

Ali já performaram lendas do jazz de Nova Orleans, como George Lewis, Punch Miller, Sweet Emma Barrett, Billie and De De Pierce e The Humphrey Brothers. Ainda assim, o estabelecimento pode passar totalmente despercebido ou até ser confundido com um casarão meio abandonado, dada a pintura manchada da fachada. A singela placa de ferro escrito " Preservation Hall" e a longa fila na porta, porém, não deixam dúvidas de que estou no lugar certo.

'Você chegou ao seu destino'
'Você chegou ao seu destino'
Foto: Bárbara Ligero/Viagem e Turismo / Viagem e Turismo

O ambiente interno é charmoso como uma cápsula do tempo. Pelo salão pequeno estão enfileirados bancos de madeira simples, o mais distante deles a poucos metros do palco onde os instrumentos, que também parecem um tanto antigos, aguardam os músicos. Chego com quinze minutos de antecedência e quase não há mais assentos vagos, mas consigo me espremer na pontinha de um dos bancos mais à frente, onde terei uma ótima visão do show.

O salão - que até outro dia sequer tinha ar condicionado - mantém praticamente a mesma carinha há 70 anos
O salão - que até outro dia sequer tinha ar condicionado - mantém praticamente a mesma carinha há 70 anos
Foto: Cory Doctorow/Wikimedia Commons / Viagem e Turismo

Logo surge uma moça para dar avisos importantes: nada de fotos e vídeos durante a apresentação; celulares têm que ser desligados e guardados; e o público deve focar na música. Como se ela precisasse pedir. Depois de ter sido recebida com aplausos, a banda executa um repertório de clássicos, que me hipnotiza durante os 45 minutos de show.

Fico especialmente tocada com uma execução delicada de "She's funny that way", música de Neil Moret e Richard Whiting que eu já tinha ouvido na voz de Frank Sinatra. Também me divirto conhecendo composições dançantes e cheias de duplos sentidos como "Shake that thing", de Papa Charlie Jackson. Entre uma canção e outra, os músicos param para fazer piadas e conversar com o público.

A banda é em sua maioria composta por homens de mais de 60 anos. Já entre o público há muitas famílias, mas pode ser que isso esteja relacionado ao horário do espetáculo que escolhi, às 18h15. Reparo que mesmo as crianças e os adolescentes ao meu redor se mantém entretidas durante toda a apresentação.

Ao final do espetáculo, depois de serem aplaudidos de pé, os artistas liberam as fotos, mas não é como se ficassem parados posando para elas. Afinal, no Preservation Hall o foco está no que mais importa: a preservação do jazz em seu local de nascimento, Nova Orleans.

Vale dizer que, ainda que a Bourbon Street tenha mudado de figura ao longo dos anos, outras autênticas experiências de jazz podem ser encontradas na Frenchmen Street, a quinze minutos de caminhada - mas isso fica para a próxima matéria.

Antes de ir embora, uma fotinho para ficar guardada na memória, já com os músicos saindo do palco
Antes de ir embora, uma fotinho para ficar guardada na memória, já com os músicos saindo do palco
Foto: Bárbara Ligero/Viagem e Turismo / Viagem e Turismo

Serviço

Onde? O Preservation Hall fica no número 762 da St Peter Street, que corta a Bourbon Street, ambas no French Quarter.

Quando? As apresentações acontecem diariamente, geralmente às 17h, 18h15, 19h30 e 20h45. Cada sessão tem 45 minutos de duração. Como os lugares não são marcados, vale chegar com 15 a 20 minutos de antecedência para conseguir um bom lugar. Consulte o calendário no site.

Quanto? Os ingressos são vendidos exclusivamente pelo site: compre com algumas semanas de antecedência. Há três tipos de entrada. A "First Row" dá direito a se sentar no primeiro banco, bem em frente à banda, e custa US$ 50. Comprando o "General Admission Seated" por US$ 40, você será direcionado a qualquer um dos outros bancos, dependendo da disponibilidade (nem sempre é possível escolher). Já quem adquire o "General Admission Standing" assiste ao show de pé, encostado nas paredes do salão: custa US$ 25.

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Viagem e Turismo
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