Parto lótus: manter bebê ligado à placenta como fez filha de Ana Maria é benéfico para a saúde?
Médica ginecologista e obstetra comenta se modalidade tem benefícios reais na vida dos recém-nascidos
Mariana Maffeis, primogênita de Ana Maria Braga, compartilhou no Instagram imagens do parto lótus do filho Varuna, que permaneceu ligado à placenta por até 10 dias após o nascimento. Jessica Trafani, ginecologista e obstetra da Clínica Mantelli, explicou que nessa modalidade de parto, o bebê fica conectado à placenta dequitada da mãe entre 7 a 10 dias, enquanto ela não seca e sofre a desconexão.
A filha primogênita de Ana Maria Braga, Mariana Maffeis, usou seu perfil no Instagram nesta semana para compartilhar as fotos do parto lótus do filho Varuna, que chegou ao mundo em julho de 2021 e ficou ligado à placenta por até 10 dias após o nascimento.
“Nas imagens podemos ver, além da mãe recém-parida e um amado bebê bem cuidado pelo pai, irmãs e vovó, a placenta descansada com sal medicado de ervas e o cordão ainda preso ao umbigo", contou a professora de hatha yoga.
O que é parto lótus?
Em entrevista ao Terra, Jessica Trafani, ginecologista e obstetra da Clínica Mantelli, explicou que o parto lótus consiste na menor intervenção possível depois do nascimento do bebê.
“Normalmente, quando há um nascimento, o primeiro procedimento que é feito é cortar o cordão umbilical e depois a dequitação placentária. No parto de lótus nem mesmo se corta o cordão umbilical”, diz a obstetra.
Nessa modalidade de parto, o bebê fica conectado à placenta dequitada da mãe de 7 a 10 dias, que é quando o cordão umbilical seca e acontece a desconexão.
A placenta é um órgão formado durante a gestação que serve como um filtro do sangue materno, levando nutrientes, imunoglobulinas, ajudando o feto a se desenvolver e fazendo até mesmo com que o líquido amniótico se mantenha num volume adequado para uma gestação saudável.
A especialista conta que não há evidências de que haja benefícios no parto lótus, já que para a placenta nutrir o bebê, ela precisa estar conectada à mãe.
“Uma vez que ela saiu da mãe, essa placenta não tem mais uma função fisiológica. Ela fica como se fosse um pedaço de carne fora do corpo, e com o tempo ela vai absorver. Então, com esse tempo, essa placenta não está mandando nutrientes, ela não está mais nutrindo o bebê”, explica Trafani.
Nos hospitais, as placentas podem ser descartadas em lixos orgânicos, lixos hospitalares, ou enviadas para análise de anátomo patológico em alguns casos específicos. Em casa, alguns cuidados precisam ser tomados quanto a sua conservação.
“Da mesma forma que se pensa em conservar uma carne fora da geladeira, a ideia é colocar a placenta em sal para conservação e ervas para amenizar o odor da carne que vai apodrecendo”, comenta a especialista.