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Opas pede que Brasil mantenha isolamento e evite protestos

Órgão da OMS mostra preocupação com alto número de novos casos e mortes no País e alerta contra protestos políticos devido a aglomerações

2 jun 2020 - 14h16
(atualizado às 14h37)
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A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, sugeriu aos governadores do Brasil que as medidas de contenção do novo coronavírus sejam mantidas. Segundo a entidade, os elevados números de novos casos e de mortes, além da taxa de ocupação das UTIs, indicam a necessidade de prosseguir com o distanciamento social.

"A situação de cada Estado é diferente, mas sugerimos aos governadores que continuem implementando medidas de mitigação. E não é suficiente dizer que estamos tomando essas medidas. A frase-chave é: 'O que podemos fazer melhor?' É preciso deter o vírus nas próximas semanas. Elas serão cruciais para o País", disse Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da Opas.

Bolsonaro cumprimenta apoiadores durante ato na frente do Palácio do Planalto, em Brasília
 24/5/2020 REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro cumprimenta apoiadores durante ato na frente do Palácio do Planalto, em Brasília 24/5/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

A preocupação do órgão se deve à onda de flexibilização da quarentena em diversos Estados do Brasil, mesmo sem a covid-19 apresentar uma tendência de queda. São Paulo, recordista de casos e de mortes, iniciou reabertura gradual nesta segunda-feira, 1.º. No Rio, o prefeito da capital, Marcelo Crivella, já começou a afrouxar o isolamento social. O mesmo acontece em locais com situação crítica, como Amazonas e Ceará.

"O aumento de casos no País foi de 44% na última semana. A mortalidade vem crescendo. De 11 a 25 de maio, o número de municípios infectados aumentou 68%. É importante que as medidas sejam implementadas em conjunto", ressaltou Espinal.

O baixo índice brasileiro de testagem, na faixa dos 4,3 mil por milhão de habitantes, também chama a atenção. O médico afirmou que o número está longe do ideal, pois há países com até 25 mil testes por milhão de habitantes. "É obrigatório aumentar", alertou.

Espinal pregou cuidado ainda maior com Estados como Amapá, Ceará e Maranhão, que registram uma alta taxa de ocupação das UTIs. Para o diretor, é necessário fornecer mais leitos de terapia intensiva nessas unidades federativas, de modo que os sistemas de saúde consigam atender toda a população.

Manifestações

A Opas alertou contra manifestações que reúnem aglomerações, como as realizadas no Brasil no último domingo, 31 — São Paulo, Rio e Brasília registraram atos contrários e favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro. O órgão reforçou a necessidade de evitar "reuniões de massa", que podem levar a um maior número de infectados pelo coronavírus.

"Recomendamos a todos os países que evitem aglomerações, porque está provado que elas contribuem para disseminar o vírus. Se lavamos as mãos, mas vamos a uma manifestação de massa, sem usar máscara nem manter distanciamento, vamos continuar propagando a doença. Precisamos pensar em nossos pais, avós, que estão todos confinados. Quando voltamos para casa, podemos transmitir o vírus", disse Espinal.

Estadão
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