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Jovem tem olho 'devorado' por parasita após dormir com lentes de contato

Estudante conta que não consegue mais estudar nem trabalhar por conta das dores; diagnóstico levou mais de um mês

15 mar 2023 - 15h57
(atualizado às 16h00)
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Jovem sofre com perda de visão e médico cita transplante
Jovem sofre com perda de visão e médico cita transplante
Foto: Reprodução/Tik Tok

As consequências por dormir sem retirar as lentes se mostram cada dia mais preocupantes. Em um caso recente na Flórida, nos Estados Unidos, um jovem de 21 anos perdeu a visão após ter o olho “devorado” por um parasita.

Mike Krumholz contou que tudo aconteceu em 19 de dezembro quando ele tirou uma soneca de apenas 40 minutos após o expediente como babá. Ao acordar, ele percebeu que havia perdido a visão. "Eu disse aos meus pais: tenho que ir ao oftalmologista, algo não está certo", disse Mike ao relatar o episódio ao jornal britânico "Daily Star", em fevereiro.

Ele conta que, imediatamente, tirou as lentes dos olhos e buscou uma consulta. O especialista identificou o problema como herpes, mas Mike, que não sabia como teria adquirido o vírus, não se contentou. Levou mais de um mês e consultas com mais seis especialistas até o diagnóstico de ceratite por Acanthamoeba keratitis. Trata-se de uma inflamação na córnea em decorrência do contato com um protozoário que se alimentou da carne ocular do jovem.

"Eu não poderia explicar uma dor como essa na minha vida (...) É como um choque constante, é uma dor constante. Tenho muito orgulho da minha tolerância à dor, mas tenho gritado de dor", detalhou o estudante na entrevista. Com o problema, ele não tem conseguido trabalhar nem se dedicar à faculdade. 

Mike foi de uma rotina agitada, com estudos, aulas, brincadeiras e atividades com crianças, para um dia a dia na completa escuridão — a entrevista foi feita com ele usando óculos escuros em uma chamada de vídeo em uma sala escura.

A publicação buscou o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que identificou um caso da tal condição a cada três milhões de usuários de lentes de contato em países desenvolvidos. No Brasil, a condição também é rara.

Como ocorre a infecção?

Em contato com o Terra, o oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira explica que o principal fator de risco é o uso de lentes de maneira inadequada. É o caso de tomar banho — seja de mar, cachoeira, rio ou até de chuveiro — com o acessório, e o hábito de dormir com ele. 

"A gente sempre recomenda que as pessoas retirem a lente toda vez que forem dormir, ainda que seja por curtos períodos de tempo e que nunca nadem com elas em águas do ambiente de maneira geral porque isso pode favorecer a contaminação do acessório e, por consequência, a contaminação da córnea por esse protozoário", afirma o médico, especialista em lentes de contato, cirurgia refrativa, ceratocone e catarata, além de professor de Cirurgia Oftalmológica na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e filiado às Academias Brasileira, Americana e Europeia de Oftalmologia.

Ferreira afirma que é difícil confirmar que a infecção do americano ocorreu em poucos minutos, mas o rapaz poderia ter uma predisposição ao problema. "Nesse caso, ter dormido um curto período de tempo pode ter gerado um dano na córnea que foi a porta de entrada para a infecção, então é plausível que isso tenha acontecido mesmo por um curto espaço de tempo", avalia.

Como tratar a infecção?

O processo, como dito pelo jovem, é doloroso. "A Acanthamoeba é um protozoário muito insidioso, com tempo de vida longo, que tem fases latentes e agudas. Então, tem que usar muitos colírios antimicrobianos por um longo período e ainda assim a infecção pode continuar progredindo e a pessoa precisar passar por um transplante de córnea", alerta Ferreira.

O oftalmologista aponta que a infecção tem potencial de provocar uma grande dissolução da córnea, causando danos possivelmente irreversíveis, como a perda definitiva da visão. Por isso, o tratamento precoce é sempre um bom remédio ao menor sinal de irritação nos olhos.

Fonte: Redação Terra Você
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