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Em São Paulo, horário reduzido produz mais aglomeração do que vendas

As quatro horas autorizadas de funcionamento, das 11h às 15h, levaram à formação filas nas portas de galerias e de centros comerciais localizados no centro da capital

15 jun 2020 - 21h09
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A reabertura das lojas do comércio de rua da cidade de São Paulo em horário reduzido desde a última quinta-feira provocou mais aglomeração do que vendas, segundo avaliação dos lojistas de rua. As quatro horas autorizadas de funcionamento, das 11h às 15h, levaram à formação filas nas portas de galerias e de centros comerciais localizados no centro da capital.

Na região da rua 25 de Março, o maior shopping a céu aberto do País, o que se vê desde a semana passada é uma grande quantidade de pessoas circulando pelas ruas."Não está sendo inteligente condensar o horário de abertura das lojas de uma região que abastece o País, pois gera mais aglomeração", afirma Pierre Sarruf, diretor da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco). A região concentra mais de 3 mil empresas.

Aldo Macri, vice-presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas), que reúne mais de 30 mil lojas na capital, faz avaliação semelhante. "O horário restrito de está provocando mais aglomeração tanto no comércio popular como nas ruas mais sofisticadas e gera mais risco do que conforto na questão sanitária." Segundo ele, ao optar pela abertura de quatro horas, a Prefeitura estava mais preocupada em evitar aglomerações no transporte público do que nas lojas.

Sarruf destaca que as aglomerações da região da rua 25 Março por conta do horário restrito de funcionamento ocorrem na entrada de pequenos shoppings e galerias. "Todo mundo chega antes e espera para abrir." A decisão inteligente, na sua opinião, seria abrir no horário normal ou até mesmo expandir o horário de funcionamento para diluir o público e evitar aglomerações.

O diretor da Univinco calcula também que metade do grande público que se vê circulando pela região é de ambulantes não autorizados. Na tentativa de vender alguma coisa, eles procuram freqüentar a rua no mesmo horário autorizado de abertura do comércio. E isso aumenta ainda mais a aglomeração de pessoas.

Apesar de muita gente estar circulando pelo comércio popular, a receita obtida com essa retomada ainda é muito pequena. Estimativas preliminares dos comerciantes indicam que a abertura das lojas por quatro horas representa 20% do faturamento de um dia normal. "Precisamos abrir porque temos conta a ser paga, estamos em busca de algum faturamento, a dificuldade é muito grande", diz Sarruf. Ele destaca que os associados estão seguindo o protocolo de higiene acordado com a Prefeitura, inclusive oferecendo álcool em gel em totens na porta da loja, não permitindo a entrada sem máscara e aferindo a temperatura de clientes e funcionários.

O acordo fechado a semana passada entre lojistas e a Prefeitura não obriga as lojas testarem os funcionários. Mas, segundo o presidente do Sindilojas, a entidade está em negociação com os laboratórios que produzem esses testes para que, juntas, as varejistas possam comprar um grande volume com desconto, na faixa de 20%. Desta forma, o lojista que se interessar poderá testar os funcionários.

Questionado sobre a testagem dos trabalhadores do comércio, o diretor da Univinco diz que o custo é muito alto. Na sua avaliação, o governo precisa apoiar essa iniciativa e não transferi-la para os empresários.

Segundo Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos trabalhadores (UGT), os empresários do comércio e do setor de shoppings estão ansiosos para ampliar o horário de funcionamento do varejo de quatro para seis horas diárias. Essa demanda, segundo ele, ficou clara nesta segunda-feira em uma live com representantes de shoppings e varejista da qual ele participou.

"Eles acham que o custos das varejistas não serão cobertos, se não houver um aumento do tempo das lojas abertas para ter consumo. Alegam também que o tempo maior de abertura evitaria aglomerações", conta Patah.

O sindicalista diz que não vê problemas nessas propostas das entidades patronais desde que haja diminuição do gargalo no transporte público, que, segundo ele, continua "absurdo", e que exista fiscalização da Prefeitura nas ruas para evitar aglomerações na frente das lojas. "O governo tem que agir para diminuir as aglomerações."

Já a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) difere dos seus pares quanto à ampliação nos horários de atendimento. A entidade defende que empresários, consumidores e funcionários das lojas sigam os protocolos e colaborem para evitar a contaminação. A Fecomércio condiciona a ampliação do prazo de funcionamento dos estabelecimentos ao cumprimento desses protocolos para atingir níveis seguros na volta à normalidade.

Estadão
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