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Não atinge orgasmo? Tem dor? José Bento tira dúvidas sexuais

Em entrevista ao Terra, o ginecologista falou sobre problemas que afetam a vida sexual

28 jul 2015 - 15h58
(atualizado às 15h59)
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Fazer sexo é um dos momentos de maior conexão dos casais por unir intimidade e prazer, mas para algumas mulheres transar pode ser sinônimo de dor e problemas na vida sexual. Com o objetivo de orientar o público feminino sobre como ter mais saúde, o ginecologista José Bento lançou em junho deste ano o livro A Saúde da Mulher - manual prático de saúde física e emocional para todas as fases da vida, pela Editora Alaúde, que aborda temas como puberdade, gravidez e menopausa.

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José Bento, ginecologista, obstetra e autor do livro A Saúde da Mulher - manual prático de saúde física e emocional para todas as fases da vida
José Bento, ginecologista, obstetra e autor do livro A Saúde da Mulher - manual prático de saúde física e emocional para todas as fases da vida
Foto: Divulgação

Em entrevista ao Terra por telefone, o médico falou sobre as doenças que afetam a prática sexual. “Sexo foi feito para dar prazer, e não para dar dor”, disse. Comum entre mulheres a partir dos 19 anos, o vaginismo começa com uma dor na entrada da vagina. Por sentir esse incômodo, a mulher contrai involuntariamente toda a musculatura perineal, impedindo a penetração. “Ela não sente prazer em momento nenhum, só dor, angústia, desânimo e frustração de não conseguir ter e nem dar prazer”, explicou.

Ao falar sobre a doença, o obstetra lembrou do caso de uma paciente que tinha uma vida sexual ativa, mas após um parto cesárea desenvolveu a disfunção. Segundo ele, como a vagina fica muito seca depois da gestação, ela teve primeiro a dispareunia [entenda a definição abaixo] e avançou para o vaginismo. “Ela não conseguia ter relação, a musculatura perineal fechava a vagina de uma maneira que não entrava um lápis, quanto mais um pênis”.

Vaginismo é a contração involuntária da musculatura perineal que impede a penetração do pênis
Vaginismo é a contração involuntária da musculatura perineal que impede a penetração do pênis
Foto: iStock

Em quadros como este, o tratamento mais indicado, de acordo com o Dr. José Bento, são sessões de fisioterapia, que podem variar de acordo com a gravidade, mas com 10 já é possível notar melhora. “A fisioterapia laceia essa musculatura através de massagens locais, tirando a sensibilidade excessiva. Às vezes são necessários estímulos elétricos, por meio de um aparelho colocado na entrada da vagina próximo à região da musculatura das nádegas”.

No caso da paciente citada pelo ginecologista, a doença atingiu diretamente a relação dela com o companheiro, que cogitou até o divórcio, após eles ficarem um ano sem praticar sexo. “O marido foi na clínica e me disse que eu era a única esperança dele, porque ele ia se separar, e ela ficou olhando sem saber o que fazer”.

Após 15 consultas com a fisioterapeuta e a conscientização da própria paciente, que procurou relaxar no momento de intimidade com seu parceiro, ela conseguiu se curar da doença. Entre risadas, o obstetra lembrou da última conversa que teve com o marido. “Dr., eu vim te agradecer, porque agora até sexo anal estou fazendo com a minha esposa”. Eu respondi: “me poupe dos detalhes”, contou rindo.

Dispareunia

Ao ter uma relação sexual e sentir dor, você pensa “transar dói, é assim mesmo, tenho que aguentar, acontece com minhas amigas também?”. Cuidado, pode tratar-se de uma dispareunia, que é a dor sentida repetidamente durante as relações sexuais.

Dispareunia é a dor sentida repetidamente durante as relações sexuais
Dispareunia é a dor sentida repetidamente durante as relações sexuais
Foto: iStock

“Muitas mulheres passam por disfunções sexuais e acham que é normal, mas não é, elas devem procurar a ajuda de um especialista”, alertou o Dr. José Bento.

Segundo o médico, há dois tipos de dispareunia, a que ocorre na entrada da vagina, em que a mulher sente dor no início da atividade sexual, mas com o estímulo da penetração, ela atinge uma elasticidade e lubrificação maiores, e a dor desaparece. A outra é a de profundidade com a presença de bioma e endometriose, e pode sinalizar o aparecimento de alguma doença mais grave, como o vaginismo.

Comum entre mulheres de 50 a 60 anos, que estão perto da menopausa, o obstetra explicou que a dificuldade ocorre pela pouca elasticidade vaginal. A doença tem cura por meio de tratamentos com reposição hormonal, que pode ser local ou sistêmica. “A mulher pode fazer reposição à base de cremes vaginais ou de gel. A partir da aplicação do produto, o hormônio é absorvido pela pele e, dessa forma, ela repõe aqueles hormônios que estão faltando no organismo”.

Anorgasmia

Há quem diga que o sexo só é bom quando se chega ao orgasmo, mas a falta dele faz parte da realidade de muitas mulheres. De acordo com o médico, há aquelas que não têm vontade de fazer sexo, não sentem prazer e consequentemente não atingem o ápice. E existem as que sentem desejo, têm prazer com as carícias, mas também sofrem da anorgasmia, que é a incapacidade de chegar ao orgasmo.

Anorgasmia é a incapacidade de chegar ao orgasmo
Anorgasmia é a incapacidade de chegar ao orgasmo
Foto: iStock

Entre 80% e 90% dos casos, o ginecologista atribuiu essa dificuldade ao tipo de relacionamento e a questões psicológicas, mas ele ressaltou que há situações em que a mulher sofre de uma disfunção hormonal por conta da diminuição da progesterona e da quantidade de hormônios tireoidianos. “Essas alterações orgânicas justificam a incapacidade de ter orgasmo”.

Para mudar esta condição, o ginecologista recomendou a mudança de alguns hábitos. “O tratamento deve ser na própria mulher, de forma que ela cuide melhor da sua autoestima, fique menos estressada, cuide mais da alimentação e pratique exercícios físicos”.

Perda da libido

Chegou a hora de ir para a cama e em vez de namorar o maridão você preferiu desejar boa noite e virar para o lado? Se você se comporta deste jeito, não está no grupo de 60% das mulheres, que declararam ter uma vida sexual satisfatória, de acordo com o obstetra.

Perda da libido pode ser ocasionada por questões psicológicas ou disfunções sexuais
Perda da libido pode ser ocasionada por questões psicológicas ou disfunções sexuais
Foto: iStock

Certamente você faz parte do grupo 40%, que afirmou ter perdido a libido. Segundo o especialista, desse número, 20% passam por dificuldades ocasionadas por questões como pós-parto, menopausa, alterações hormonais, problemas financeiros, estresse, entre outros. “Um dos períodos mais críticos é após o parto, onde o interesse sexual da mulher fica bem comprometido. Às vezes a perda de interesse dura o tempo da amamentação, de seis meses a um ano”, comentou.

Os outros 20% são por disfunções sexuais detectadas através de exames. Nesses casos, o tratamento deve ser feito em um trabalho conjunto com com ginecologista, psicoterapeuta e sexólogo.

Fonte: Terra
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