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Câncer de boca: 'sobreviver não é suficiente', diz especialista

31 mar 2014 - 17h50
(atualizado às 19h45)
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Sobreviver não é suficiente para pacientes que têm câncer de garganta e na boca, de acordo com John Wolfaardt, diretor do Instituto de Ciências em Medicina Reconstrutiva da Universidade de Alberta, no Canadá.

O especialista, que está em Santiago para participar da inauguração do primeiro centro especializado da América Latina, descreveu em entrevista à Agência Efe a sensação de pacientes que sofrem da doença. "Imagina você acordar de uma operação sem poder falar; com uma sonda no nariz, porque não pode comer pela boca; sem poder mastigar; e com parte da mandíbula extirpada, porque te extraíram um tumor. Os pacientes com câncer de garganta e na boca acordaram assim por décadas", explicou Wikfaardt.

Ainda hoje, se um paciente é diagnosticado com um tumor na mandíbula, durante um período compreendido entre dois e cinco anos, ele precisa passar várias vezes pela mesa de cirurgia para extrair um pedaço de seu perônio e ocupar o espaço deixado pela extração do tumor.

A medicina pública, inclusive a chilena, chega até aí, "mas é impossível manter um mínimo de qualidade de vida somente com isso", manifestou Wolfaardt. "Agora, com a chegada das tecnologias digitais, podemos desenhar um futuro muito diferente para estes pacientes, que já não têm que usar próteses que destroçarão a boca para vida toda e os impedirá de ter funcionalidade", revelou.

Aplicando máquinas do mundo industrial à medicina, é possível gerar diferentes implantes de maneira precisa e fazer simulações do que será a operação para que o cirurgião só tenha que se preocupar em colocá-los da maneira correta.

Quando os tumores são benignos, um molde de titânio com a forma do implante é inserido na perna do paciente para que seu perônio adquira a forma correta do implante. Após usá-lo na perna por cerca de três meses, o paciente volta à sala de cirurgia para extrair o tumor e inserir o pedaço de osso com a forma exata.

No caso de ser encontrado um carcinoma, o tumor é afastado em menos de seis semanas, com o qual se omite a fase de adaptação da prótese ao perônio, mas se mantém a precisão exata graças à impressão digital do molde. "O paciente acorda com boca, dentes, podendo falar e pronto para fazer as sessões de quimioterapia e radioterapia", esclareceu o especialista.

A saúde pública, contudo, ainda não cobre este moderno procedimento, que só é realizado em seis centros do mundo todo que seguem um modelo multi-disciplinar. Ou seja, em um mesmo paciente e em uma mesma operação trabalham médicos de diferentes áreas em conjunto.

O procedimento completo dura, no máximo, seis meses "e isso é muito importante para os pacientes desse tipo de câncer, já que 45% deles não conseguem viver mais de cinco anos. Mas a saúde pública só enxerga os custos em curto prazo. Ignora o custo social de uma pessoa que torna-se totalmente dependente da noite para o dia", lamentou Wolfaardt.

John Wolfaardt é conhecido como "doutor das estrelas-do-mar". Em sua mesa no hospital, ele coleciona uma infinidade desses animais marinhos.

Quando lhe perguntam por que ele trabalha tanto para ajudar pessoas que têm câncer na boca e na garganta, ele sempre conta a mesma história do menino que recolhia estrelas-do-mar da areia e as devolvia para as águas do oceano, quando foi abordado por um homem que o questionou que diferença aquilo faria, já que eram tantas. "Faz diferença para essa aí".

EFE   
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