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Shawn Rhoden e George Peterson: entenda a morte de fisiculturistas

Em podcast, especialistas em hormônios e esteroides analisaram os óbitos recentes de atletas da modalidade

10 nov 2021 - 13h25
(atualizado em 19/11/2021 às 17h09)
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Shawn Rhoden e George Peterson
Shawn Rhoden e George Peterson
Foto: reprodução Instagram @flexatronrhoden e @georgep_dabull / Sport Life

As mortes de Shawn Rhoden e George Peterson chocaram o mundo do fisiculturismo nos últimos dias. O primeiro faleceu no último sábado (6), aos 46 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco. Já o segundo, também conhecido como "Da Bull", teve seu óbito confirmado no dia 07/10, aos 37 anos, ainda sem causa divulgada. Ambos foram encontrados já sem vida e não tiveram tempo de receber atendimento médico.

O jamaicano Shawn Rhoden havia sido campeão da categoria open (sem limite de peso) do Mr. Olympia - maior competição de fisiculturismo profissional do mundo - no ano de 2018. Após esse título, o atleta foi afastado das competições por tempo indeterminado, devido à uma acusação de agressão sexual. O episódio aguardava por julgamento e, caso Rhoden fosse inocentado, poderia retornar ao esporte.

Já o americano George Peterson, no entanto, estava em plena atividade quando sua morte aconteceu. O atleta realizava a reta final de preparação para o Mr. Olympia desse ano, quando foi encontrado sem vida em um quarto de hotel, dias antes da competição.

Além de Rhoden e Peterson, outras mortes recentes também abalaram o cenário do fisiculturismo internacional. A perda de nomes importantes para o esporte, como Dallas McCarver (26), John Meadows (49) e Alena Kosinova (46) acionou um alerta importante para os fãs da modalidade: será que existe algum motivo comum para todos esses falecimentos? O abuso de esteroides e anabolizantes pode ter influenciado de alguma maneira?

Em um podcast realizado na última terça-feira (09), especialistas em fisiculturismo, farmacologia, medicina do esporte e recursos ergogênicos debateram o assunto. A conclusão obtida foi de que sim, o uso indiscriminado de esteroides e anabolizantes durante um longo período pode ter contribuído para as mortes precoces. No entanto, vários outros fatores podem ter sido, inclusive, mais determinantes para o falecimento desses atletas.

Para apresentar um físico extremamente musculoso e definido, os fisiculturistas costumam utilizar inúmeros recursos químicos, além dos esteroides. De acordo com o que foi conversado no podcast, é comum o uso de medicamentos diuréticos, estimulantes potentes e termogênicos agressivos para a saúde. Além disso, a oscilação dietética - altíssima ingestão calórica durante o período de ganho muscular e baixo consumo energético na fase final - também pode debilitar a saúde dos atletas à longo prazo.

"Por exemplo: com uma hipoglicemia, devido ao excesso de insulina, você pode ter uma morte cardiovascular. Você pode, com um diurético, ter um desbalanço dos seus eletrólitos e ter uma alteração da condução cardíaca. O hormônio de tireoide é um estimulante. Quando você tem o que a gente chama de tempestade tireotóxica, que é uma exacerbação dos hormônios da tireoide, você tem frequentes relatos de mortalidade por arritmias cardíacas", explica o Dr. Lucas Caseri, médico do esporte e fisiatra.

No entanto, o uso frequente e exagerado de esteroides também pode provocar graves problemas de saúde.

"Digamos que você use dez vezes a dose de testosterona recomendada, que é muito usual [entre os atletas]. Se você fizer dez vezes a dose de paracetamol, você vai parar no pronto-socorro. Se fizer dez vezes a dose de um diurético, provavelmente você vai morrer. Se você fizer dez vezes a dose de insulina, você vai morrer na primeira vez. O risco do esteroide é o mais baixo e esse é o problema", revela Gabriel Kaminski, PHD em ciências farmacêuticas.

"Como ele é, de certa forma, seguro, você tem um abuso dele. A pessoa acredita que quanto mais, melhor. Ela não está enxergando um problema agudo. O problema é crônico, se desenvolve durante anos, existe um remodelamento do coração e um risco que leva tempo. Por levar tempo e ser silencioso, a pessoa pensa que é seguro a ponto de não acontecer nada", completa o especialista.

O podcast completo está disponível no canal do atleta e influenciador fitness, Renato Cariani, no YouTube. Além dele e dos profissionais citados acima, também participaram da conversa o fisiculturista profissional Júlio Balestrin e o apresentador Itinho Lima.

Sport Life
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