Por que cada vez mais cresce o número de corredores (de rua)?
A resposta óbvia é: por saúde, física e mental. Só que correr é bem mais do que isso
O aumento de corredores de rua reflete a busca por benefícios físicos, mentais e experiências únicas, destacando a importância do ambiente, da mentalidade e do envolvimento comunitário em eventos esportivos.
Foi a pergunta que me fiz durante a Tricolor Night Run, que aconteceu no sábado retrasado, 12 de julho. Preciso contextualizar a história (com a minha história) para que faça sentido.
Corro há uns bons 30 anos. Desde que o mundo das corridas era meio mato. Só que sempre fui freestyle – nunca tive essas planilhas nem tomei suplementos e outras ondas de corredores que surgem de tempos em tempos. Se nunca evoluí como deveria, ao menos progredi como observador.
No caso das corridas de rua, entendo que primeiro as pessoas aderem aos eventos para depois perceberem os benefícios físicos e, principalmente, mentais que o exercício traz. Pois somente isso explica o acordar às 4h da manhã de um domingo e se deslocar muitos quilômetros de casa para participar de um exercício coletivo.
Quando fui, o fiz mais por curiosidade. Tanto sobre o evento quanto sobre meu desempenho.
Comecei nas de 5km e me senti confortável. Na verdade, acho que só corri uma dessas, que passava pelo centro histórico de São Paulo, o que despertou muito meu interesse já que passaria como observador-corredor por lugares que nunca imaginaria ter aquela perspectiva.
Em algum momento, alguém me disse que se eu corria 5km de modo confortável, conseguiria fazer provas de 10km. Surgiu a oportunidade de participar de uma maratona de revezamento (acho que era do Pão de Açúcar e acho que cada um dos quatro do time corriam 10,5km, para totalizar 42km). Fui e cumpri o trajeto, e desta feita foi mais pela experiência de equipe mesmo.
E aí veio outro momento em que alguém me disse que se eu corria 10km, conseguiria pular para 15km. Fiz a matemática de curiosidade+interesse+auto-teste e decidi que participaria da São Silvestre quando passasse o reveillon em São Paulo. Dito e feito. Pensei que não conseguiria vencer os 2,5km finais de subida da Brigadeiro Luiz Antônio mas não é que superei até a minha expectativa e cheguei ao final correndo?
Desde então, a São Silvestre se tornou minha régua de referência, e participei da prova de final de ano umas 10 vezes. Nela, percebi que a parte da distância está mais na cabeça do que nas pernas. Quando você inicia a prova (ou qualquer corrida) com a mente programada para aquela quilometragem, a chance de alcançá-la sobe enormemente. Claro que diante de limites razoáveis – não dá pra pensar: “bom, então vou mandar uma maratona sem preparação e veremos”.
Até que chegamos à Tricolor Night Run.
Já fazia alguns anos que não participava de prova alguma. Escolhi correr 10km, apesar de dificilmente completar tal distância em uma das três ou quatro corridas semanais que continuo fazendo. E a conta fechou.
Talvez pelo ambiente (pô, correr em volta do Morumbi, estádio que trouxe alguns dos momentos mais felizes da minha vida, e ainda finalizar dentro dele!), pelo clima que envolve as provas festivas como essa, pela minha cabeça, pela minha régua. Mas certamente por tudo isso combinado. Provavelmente a Tricolor Night Run será meu parâmetro daqui em diante.