Falta de tempo livre afeta o cérebro e aumenta o risco de demência, revela estudo
De acordo com pesquisadores, até 45% dos casos de doenças neurodegenerativas poderiam ser evitados se pelo menos 10 horas da rotina fossem dedicadas ao autocuidado
Um levantamento do Instituto Locomotiva mostrou que 65% da população brasileira afirma não ter nenhum momento de ócio em sua rotina semanal. De acordo com outro estudo recente, da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), a falta de tempo livre é preocupante, pois afeta tanto a saúde emocional, como já apontam especialistas, quanto a física, podendo elevar o risco de demência.
Não há tempo para cuidar da saúde
Na pesquisa, publicada na revista The Lancet Healthy Longevity, os estudiosos apontam que a relação entre um dia a dia corrido e o desenvolvimento da doença está no fato de o cotidiano impedir cuidados com o corpo, como a prática de exercícios físicos. Além disso, conforme ressaltam, um estilo de vida agitado também está associado a uma alimentação menos saudável e a poucas horas de sono.
Para a maioria das pessoas, nas 24 horas do dia, não há espaço ainda para interações sociais ou simplesmente momentos de descanso para o cérebro. Esses são fatores de risco para a demência que, com mais tempo livre na rotina, poderiam ser facilmente controlados. Segundo a epidemiologista Susanne Röhr, essa estratégia poderia evitar até 45% dos casos de doenças neurodegenerativas.
É preciso prevenir a demência
Entretanto, principalmente no caso das mulheres, reservar ao menos dez horas por dia para preservar o cérebro e o organismo como um todo é praticamente impossível. A pesquisa aponta que uma rotina que permita momentos de lazer, descanso e autocuidado está ainda mais distante para aquelas com rendas menores.
"Para muitos, especialmente os que vivem em situação de desvantagem ou cuidam de outras pessoas, isso simplesmente não é possível nas condições atuais. Enfrentar a falta de oportunidades para o bem-estar é, portanto, fundamental se quisermos levar a sério a prevenção da demência", afirmou a especialista Simone Reppermund, em comunicado.