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É possível xavecar no cemitério?

25 jan 2010 - 12h52
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Meu xaveco inesquecível

Vou falar o pior xaveco que já recebi na vida que, de tão ruim, ficou na minha cabeça até hoje. Foi quando eu trabalhava num escritório, uma imobiliária, eu devia ter uns 17 anos. E todo dia, quando eu saia para almoçar, eu fazia o mesmo trajeto e passava em frente de um cemitério.

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Notei algumas vezes um funcionário do cemitério, ele devia trabalhar na parte administrativa, sei lá, sei que quase sempre ele estava lá na hora que eu passava. Às vezes eu sentia que ele queria falar alguma coisa, mas eu passava e ele nunca falava nada.

E eu, a cada dia, seguia naquele trajeto, afinal era o caminho do restaurante que eu almoçava costumava almoçar, nem tinha como mudar. Até que um dia acho que ele tomou coragem e falou: "Olha, se você casar comigo, pelo menos jazigo você já tem!".

Gente, eu achei aquilo horroroso! Achei super grosseiro, sabe? Falar, abordar assim, com alguma coisa que remete à morte? Ele até podia ter dito alguma coisa que associasse ao trabalho dele, sei lá, mas vir falar de jazigo? O cara já ta pensando na minha morte, achei péssimo.

Na minha opinião ele disse no oposto do que poderia ter dito, ouvi aquilo e fiz cara de nojo, nem um sorrisinho dei. Apertei o passo e fui pro meu almoço. Pelo menos, até onde eu me lembro, não perdi o apetite.

DICA DO RAMPA

Olha só, nosso Sr. Adams da historinha acima - que xavecou a Sheila Mello no cume de seus hediondos 17 aninhos - realmente errou na abordagem. Mas, seu xaveco seguiu uma linha correta (e é dela que vou falar aqui).

Trazer sua profissão, trabalho, habilidades e conhecimentos para o xaveco é uma grande sacada. Um músico, se for esperto, vai compor uma canção pra gatinha. Um garçom vai falar dos pratos que conhece, um chef vai fazer um jantar, um fotógrafo pode falar sobre a "luz do dia", um vendedor de loja sobre os lançamentos do produto que vende, um mágico faz mágicas, e assim por diante.

Ok, e o que diria um cidadão que trampa no cemitério? Tudo, menos o que ele disse. Faltou sensibilidade ao camarada em perceber a imagem negativa que viria à cabeça de Sheila ao ouvir a palavra "jazigo". Em vez disso, ele poderia ter abordado e dito: "poxa, eu trabalho no meio de tantas flores, todos os tipos, todos os dias, acho que virei um entendedor do assunto, sabia? Essa daqui eu comprei para você".

Nessa suposta situação nosso amigo Funesto estaria trazendo sua profissão como pano de fundo para todo xaveco (e isso ele fez), mas com alguma sensibilidade (e aqui ele passou longe).

Todas as segundas-feiras a coluna Meu Xaveco Inesquecível revela cantadas verídicas de famosos e dá dicas quentes para quem pretende se tornar um expert na arte (ou apenas pisar menos na bola).

Fabiano Rampazzo, 34 anos, é jornalista e escritor com quatro livros publicados sobre relacionamento. Para Manual do Xavequeiro (Editora Matrix) o autor entrevistou mais de 200 homens e mulheres de diferentes faixas-etárias, tornando-se um "conhecedor" da arte da conquista.

Fonte: Especial para Terra
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