Como o modo de preparo da batata influencia nos benefícios à saúde
Pesquisa associa consumo exagerado da versão frita a um maior risco de diabetes. Mas outros métodos culinários fazem do tubérculo um aliado da alimentação saudável
Conta-se que a batata já ajudou a matar a fome de muita gente, inclusive em períodos de guerra, sobretudo por ser fonte de carboidrato. Mas, justamente por concentrar o nutriente, ela tem sido banida de vários cardápios. Só que, com o modo de preparo certo, o tubérculo pode ser incluído na dieta sem nenhum tipo de temor.
Estudo sobre modo de preparo da batata
É o que aponta um estudo realizado por cientistas de universidades dos Estados Unidos, publicado em agosto no British Medical Journal. A pesquisa analisou dados coletados de três grandes levantamentos nacionais, abrangendo quase quatro décadas de avaliações e mais de 205 mil participantes. Entre as conclusões, observou-se que comer muita batata frita aumenta o risco de diabetes tipo 2. Já a ingestão das versões cozidas e assadas não está associada à doença.
"O estudo mostra ainda uma relação entre o consumo de batata frita e o aumento do índice de massa corporal, o IMC", observa a nutricionista do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte, Gabriela Mieko Yoshimura. Embora aponte tais elos, vale destacar que se trata de uma pesquisa observacional, ou seja, não dá para estabelecer uma relação de causa e efeito. Porém, são vários os indícios que ajudam a validar os achados.
Influência da fritura à saúde
A fritura, por definição, se dá quando o alimento é imerso em óleo, sob altas temperaturas. "O processo altera completamente as características nutricionais e químicas da batata, que absorve uma quantidade significativa de gordura e se torna muito mais calórica em comparação às versões as cozidas ou assadas", diz a nutricionista. E, como se sabe, o excesso de calorias colabora para o ganho de peso, sendo a obesidade um dos fatores de risco para o diabetes.
Além disso, o aquecimento do óleo desencadeia reações - caso da peroxidação lipídica - que aumentam os radicais livres (moléculas que, em excesso, causam danos celulares). Há ainda a produção de compostos pró-inflamatórios. "Esses efeitos têm relação com a resistência à insulina", observa a nutricionista da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Maristela Strufaldi. Ela se refere ao desajuste no metabolismo da glicose, que também contribui para o desenvolvimento do diabetes.
Ainda que as frituras não sejam totalmente proibidas, o conselho é evitá-las o máximo possível. Para quem gosta da consistência da batata frita, uma sugestão é lançar mão da fritadeira a ar, a air fryer. "O equipamento tende a deixar a camada externa crocante e o interior macio, com pouquíssimo ou nenhum óleo", destaca Yoshimura.
Ainda assim, a moderação e a combinação de alimentos para compor uma refeição continuam sendo pontos fundamentais. "A chave é o equilíbrio e o contexto da dieta", observa a nutricionista do Einstein.
*Texto de Regina Célia Pereira, da Agência Einstein