No descritivo da Casa Cor RS 2014, em Porto Alegre, a palavra luxo aparece para adjetivar sete ambientes. É pouco. Para levar para casa as principais referências do evento de decoração é preciso ter farto estofamento financeiro. Mas nem todas as tendências são inalcançáveis a quem tem conta bancária com metragens compactas. Abstraindo-se que a exibição deve, sim, mostrar o que há de mais inovador – e caro – em decoração de interiores, encontramos propostas que podem ser copiadas. E outras de torcer o nariz. A elas:
Texturas : Se depois de tirar todos os móveis do local, a mostra abrisse para exibição das paredes, forros e pisos, ainda valeria a visita. A diversidade nos revestimentos é o ponto onde a criatividade atingiu os resultados mais impressionantes. Tem papel de parede estampado, metalizado e aveludado; granito retroiluminado; pastilhas de vidro, de mármore e de metal; placas de gesso tridimensionais; cobogós sobre espelho; cerâmicas e pinturas artísticas direto na parede, só para citar alguns exemplos.
Fotos: Liana Pithan /Terra
Espaço gourmet : Depois de ser tão oprimida pela arquitetura de apartamentos contemporâneos, a cozinha se abriu definitivamente para a sala e virou peça nobre. O dono das moradas é quem pilota fogão e utensílios culinários de grife, faz das refeições momentos para conviver com família e amigos e, porque não, para exibir seus dotes de chef doméstico. Na exibição, as cozinhas recuperam o papel que nossas avós já sabiam que a peça tem: ser o coração do lar.
Torneira-fetiche : Todas as cozinhas da mostra trazem o mesmo modelo de torneira. Enorme, chamativa e de estética discutível, ela justifica sua existência com uma mobilidade inigualável em qualquer outro modelo - extraível da base e flexível, funciona como um chuveirinho de mão. Tem preço salgado e você pode até achar um luxo desnecessário, mas vai lembrar dela na próxima vez que lavar a louça.
Capitonê : A Casa Cor RS reincide em peças de mobiliário em estilo capitonê. O tipo de estofamento do século XIX evoca a memória de uma elegância passada, somada ao conforto e ao aconchego de um lar tradicional. A fofura – literal – de uma poltrona, um sofá ou um cabeceira de capitonê parece que vai “abraçar” quem ali se acomoda.
Joias da rainha : Os lustres de cristal não são exatamente para todos os bolsos, mas trata-se de objetos capazes de dar uma impressão de requinte a um ambiente inteiro, mesmo se decorado com mobiliário de custo mais baixo. Uma livre comparação: diante de Elisabeth Taylor adornada com suas famosas jóias, quem olharia a grife do vestido?
TVs até em banheiros : Não é novidade em mostras de decoração o uso de TVs em todos os ambientes possíveis. Começou em uma década em que televisores de LCD eram caros e raros nos lares brasileiros e, portanto, sinônimos de modernidade e sofisticação. Mas hoje, quando a decoração de interiores tende a valorizar espaços de convivência no ambiente doméstico, é contraditório sugerir que aparelhos de TV sejam estrelas de salas e quartos e acompanhem os moradores até nas atividades de higiêne corporal. Nas fotos abaixo, optamos por mostrar espaços de estar que não têm TVs como protagonistas e estão entre os mais acolhedores da mostra.
Banheira no quarto : Banheiro de luxo tem banheira de hidromassagem, ao menos no imaginário de quem não tem um. A mostra, porém, propõe que luxo mesmo é migrar a hidro para dentro do quarto. É verdade que a coleção de banheiras comove, com luzinhas coloridas, encosto para a nuca e a promessa de um relaxamento aquático de princesa. O efeito, como esperado, é impactante, mas a ideia de levar pegadas úmidas e vapor quente (escaldante, no inverno gaúcho) para dentro do quarto não passa por um escrutínio racional.
Espelho, espelho meu : Se há um clássico nas leis da decoração de cômodos pequenos é que usar espelhos dá sensação de amplitude. Mas o que se vê na mostra é uma profusão das superfícies reflexivas, mesmo em espaços grandes. Belo quando bem dosado, desconfortável quando excessivo, o revestimento espelhado não apenas subiu pelas paredes, mas chegou ao teto e poupou pouquíssimos ambientes da Casa Cor RS. A menos que a intenção seja render odes a Narciso, melhor usar com moderação.
Serviço
Até domingo, dia 21 de setembro.
Rua Carlos Trein Filho, 930 - Bairro Bela Vista.
Sexta, sábado, domingo e feriados, das 12h às 21h.
Ingressos: R$ 35,00 (inteira), R$ 17,50 (meia-entrada para estudantes e idosos)
Special Sale: até este domingo, quando se encerra a mostra, objetos, obras de arte, móveis e acessórios expostos nos ambientes são colocados à venda com desconto.