Sapacólatras fazem qualquer loucura por um par
A paixão por calçados leva "sapacólatra" que se preza a fazer terapia com o acessório. "Sempre entro no site da Barneys para relaxar, ver os sapatos. Se depois de uma semana, um modelo não sai da minha cabeça, ligo e peço para o vendedor guardar o meu tamanho, o mais popular, tamanho 37", disse a estilista Carol Gannon, que mantém 300 pares de sapatos, divididos nas suas casas de São Paulo e Nova York.
Carol, que já deixou de pagar contas importantes por não ter resistido a um sapato, tem um ritual. "Em toda estação, escolho um par de um designer diferente que seja especial: Margiela, Dries Van Noten." Para ela, os Louboutin são os básicos. "Não só pela beleza do sapato, mas pela leveza que traz e o conforto mesmo de salto altíssimo, mas o meu predileto é um par do John Galliano. Sempre digo que se as pessoas nascessem com sapato, eu teria nascido com esse. E AMO (em letra maiúscula, mesmo) Terry de Havilland para sapatos com plataforma."
A lista de nomes de deuses calçadistas pós-modernos é longa. "Não tem com não citar Manolo Blahnik, Christian Louboutin, Sergio Rossi e Jimmy Choo, sapateiros de peso. Mas eu amo mesmo as criações da Prada, MiuMiu, Louis Vuitton, Chanel, Marc Jacobs, Balenciaga, Lanvin e Gucci. São sempre de babar, eles se destacam e se superam a cada coleção", disse Silvia Sato. O filme sul-coreano
The Red Shoes(2005) conta a história de uma estudante que encontra um par de sapatos em uma estação de metrô e quando os põe nos pés, sente-se diferente e inspirada. Ao longo da trama, todas as mulheres que experimentam o mesmo calçado são envolvidas em dramas, de brigas e traições a assassinatos.
Sem partir para extremos, a paixão das mulheres pelos sapatos encontra raízes no conto de Cinderela que se transforma ao calçar os sapatos de cristal. "A mulher coloca um sapato e imediatamente se sente bonita", afirmou Carina Leist. "A relação da mulher com o sapato se inicia na infância, com histórias como a de
Cinderelae seu sapatinho de cristal ¿ que transforma uma jovem simples em uma princesa ou o sapatinho vermelho de Dorothy em
O Mágico de Oz. Em seguida inicia-se a fase de calçar os sapatos da mãe ¿ salto alto, baixo, brilho, colorido ¿ um mundo de fantasias", disse Cris Duarte.