AIDS NO MUNDO
 

Aids na África
Das 34 milhões de pessoas foram infectadas pela aids até 1999, 23 milhões estavam na África subsaariana.

Até o fim deste ano, 6 milhões de pessoas estarão infectadas pelo HIV na África do Sul. Isso significa que 15% da população estará contaminada. Os dados são de um estudo realizado pelo banco ING Barings a pedido do Instituto para as Relações Raciais. Estima-se que 250 mil africanos morrerão este ano por causa da doença.

Segundo projeções da pesquisa, se nada for feito com urgência, dentro de cinco anos 25% da população economicamente ativa será atingida pela moléstia. Como os demais países do continente, a África do Sul convive com alta incidência da doença, precária rede de saúde, falta de medicamentos e inexistência de programas preventivos eficazes.

PRECONCEITO - A aids na África subsaariana equivale à lepra na Europa medieval, só que mais mortal. Os infectados são expulsos de casa, perdem seus empregos e os amigos fogem deles. Hospitais negam tratamento - baseados na tese de que afinal, eles vão morrer de qualquer jeito - e quem consegue internar-se é negligenciado pelas enfermeiras.

Ativistas antiaids alertam para o perigo que mitos e superstições sobre a aids representam para culturas tradicionais africanas. Na África do Sul, por exemplo, os homens acreditam que uma relação sexual com uma virgem para ficar curado da aids. O desemprego - que na África do Sul é de 30% - transformou o sexo na única "recreação" dos jovens. Em Soweto, por exemplo, o ifoli (estupro "em série") se tornou uma espécie de "esporte": um rapaz chama seus amigos (sete ou oito) para estuprar uma garota, às vezes a própria namorada de quem ele desconfia. A menina geralmente sai dessa experiência ou grávida ou com aids, mas a maioria delas vê o sexo não-consentido como "parte da vida".

Uma pesquisa com 950 caminhoneiros mostrou que 35% acreditava que sexo com uma virgem era a cura da aids. Yvonne Spain, ativista de um grupo de defesa de crianças com aids, e Tessa Marcus, socióloga da Universidade de Natal, África do Sul, temem que práticas tradicionais como testar virgens - em que matriarcas das aldeias comprovam a castidade de uma menina - possam servir apenas para torná-las alvos prováveis. A maioria das garotas não sabe como se proteger da aids e nem descofia que um homem aparentemente saudável possa ser portador do HIV.

O preconceito e o moralismo impedem que sejam levadas adiante campanhas de prevenção. Cartazes e outdoors são pixados e táxis recusam pessoas usando camisetas com mensagens antiaids. Um círculo do silêncio esconde a doença, mesmo com uma parcela significativa da população infectada. As pessoas não admitem que têm aids por medo da discriminação.

RIQUEZA - A aids reduziu em mais de dez anos a expectativa de vida na África na última década, segundo o relatório sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) preparado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD). A conseqüência foi a queda desses países na classificação do IDH. A aids já matou 12 milhões de africanos.

Segundo o Programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), a doença também prejudica o crescimento econômico dos países atingidos. Na África, os países devem ter uma redução de 15% a 20% na riqueza nacional. Isso tende a formar um círculo vicioso. Os prejuízos incluem o custo do tratamento, as mortes e as pessoas que ficaram inválidas por causa do vírus.

POLÊMICA - O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, tem causado polêmica ao defender que o HIV não é o causador da aids. Na conferência de Durban, na África do Sul, em julho deste ano, ele não fez uma única menção ao HIV. A omissão e um discurso centrado na miséria "como maior causa da morte e sofrimento de milhões de pessoas no mundo" soaram como uma reconfirmação tácita da tese de que a aids não é causada por nenhum vírus, mas, sim, pela pobreza e a desnutrição, que debilitam as pessoas.

Na mesma semana, 5 mil cientistas assinaram a Declaração de Durban, condenando suas teses. Eles temem que tais teorias possam justificar a ausência de medidas contra a expansão da epidemia. Entre 1998 e 2000, o porcentual de sul-africanos infectados saltou de 14% para 20%.

 
   

 

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